Até sempre, «Zé»!
Sejamos claros: há gente que não sabe ligar um computador mas que sabe que existe um Blog do Zé do Melão. Eu conheço umas quantas.
O «Zé» apareceu e agitou como poucos. Meteu o dedo na ferida várias vezes, umas vezes com piada, outras vezes com ironia q.b. Chamou muitas vezes os bois pelos nomes, e naquela aparentemente anarquia e total descontracção, o que se podia ler eram críticas contundentes à forma como o «Raibe» é gerido em Portugal, pela Federação e pelos Clubes (todos).
A coisa foi-se alargando, o público aumentando e a caixa de comentários começou a ser pequena para tanta vontade de opinar.
Como sempre acontece nestes casos, há quem opine com honestidade e há quem ofenda por necessidade.
No Blog do Zé estes últimos - os que ofendem por necessidade de ofender - acabaram por alcançar o seu objectivo: forçar o encerramento do Blog, o que no contexto da modalidade (e da importância que os Blog nela assumiram como «locais» de divulgação e sobretudo de troca de opiniões) significa puxá-la um bocado mais para baixo.
A mediocridade é a nota dominante no Rugby nacional.
Há quem dela se distinga, como é óbvio... Mas esses são rapidamente silenciados por aqueles que, de forma consciente ou inconsciente, querem continuar a ver o Rugby pequeno e familiar, dentro do género «evento social de revista cor-de-rosa».
Distinguem-se pela positiva alguns jogadores, pela abordagem ao jogo e pelos ensinamentos que dele retiram para a vida.
Distinguem-se alguns treinadores - o Tomás, por exemplo - pela forma como olham o futuro num contexto de gente agarrada ao passado. Será que veremos o Tomás sair da FPR logo a seguir ao Mundial, por manifestada falta de capacidade da Federação em motivá-lo para novas conquistas e novos projectos? Temo bem que sim...
Distinguem-se alguns árbitros, pela mesma razão.
Distinguem-se poucos, muito poucos, dirigentes. Idem relativamente ao «público» (qual público???).
O Zé fechou para balanço, e o Rugby blogosférico (que só servirá para cumprir os objectivos que os blogosféricos comentadores quiserem) ficou muito mais pobre. É a lei da vida, aplicada a todos os contextos e projectos: nascem, vivem e morrem.
E no fundo, eu que respeito essa lei normativa da vida das pessoas e dos seus projectos, apenas lamento que esta seja a vitória da estupidez e da tal mediocridade.
O Rugby merece mais que isto.
3 Comments:
No novo blog Raguebi Tuga (que raio de nome!) um comentador disse, em tom extremamente crítico, que na próxima época vai ser formado pela FPR com dinheiros do IRB «um grupo de 30 ou 40 pseudo-profissionais que vão fazer uma selecção para participar nas competições internacionais»
Reproduzo aqui, mais coisa menos coisa, o que escrevi nesse blog, respondendo ao referido comentário (como já estava a escrever o texto sobre o râguebi romeno, aproveitei a embalagem):
Não sabia disso, mas essa é uma óptima notícia. Ou melhor, seria se a direcção da FPR fosse competente.
Apesar de ser isso o que as pessoas de países das VI Nações, que se interessam pela melhoria do râguebi dos países que disputam o ENC, vem propondo há muito, a maioria achava que era uma proposta utópica.
Uma coisa é pagar aos romenos do Bucaresti (ver abaixo o que é o Bucaresti)sete vezes mais do que o ordenado médio romeno (que é baixíssimo)- e é isso o que eles redcebem - para eles serem profissionais no seu próprio país (eles não são pseudo-profissionais, nem semi-profissionais), outra coisa é pagar aos portugueses 2, 3 ou 4 vezes mais que o ordenado médio português (3 vezes mais que o ordenado médio português é muito superior a 7 vezes mais o ordenado médio romeno).
Pelo que li no comentário, fiquei com ideia que se trata de criar em Portugal uma equipa semelhante ao Bucaresti para participar na Challenge Cup, mal comparada, uma espécie de Taça UEFA do râguebi (a Heineken Cup, também mal comparada, corresponde à Liga dos Campeões).
Tanto na Heineken como na Challenge participam equipas de clube inglesas, francesas e italianas e selecções regionais galesas, escocesas e irlandesas (as chamadas "franchises") e na Challenge participa também.. o Bucaresti.
O que é o Bucaresti? É a selecção dos melhores jogadores romenos que jogam na Roménia.
Não é a Roménia A (no râguebi internacional, as “selecções B” chamam-se selecções A e as "selecções A" não levam letra nenhuma), porque há jogadores romenos que jogam na Roménia que fazem parte da selecção principal romena (e portanto também jogam no Bucaresti) e há jogadores romenos que jogam em França, mas não tem lugar na selecção principal, teriam na Roménia A, mas não fazem parte do Bucaresti porque não estão na Roménia.
O Bucaresti tem os melhores romenos a jogar na Roménia e o nome é infeliz porque não são só jogadores de Bucareste. Se se formasse uma equipa semelhante ao Bucaresti em Portugal, deveria ter um nome que não remetesse para o nome de nenhuma cidade ou região.
Em que é que isto prejudicaria o râguebi português, desde que tudo fosse planeado e concertado com os clubes a tempo e horas?
Número de jogos a mais para alguns jogadores? Não.
Pelos seus clubes, os jogadores farão 17 jogos para o campeonato e 1 a 3 jogos para a Taça; os de Agronomia e CDUP farão ainda 1 para a Super Taça e os de Agronomia mais 1 para a Taça Ibérica. Se Agronomia for à final do campeonato e à da Taça, fará um total de 22 jogos. A maioria dos clubes fará à volta de 18, 19 jogos por época. Não é de mais, se o nosso râguebi quer evoluir até poderá ser considerado de menos.
Alguns dos jogadores irão tb jogar pela selecção de XV. Na próxima época não haverá eliminatórias para o campeonato do mundo e, ao que tudo indica, por causa desse campeonato ser em Setembro, não haverá Taça Intercontinental.
Portugal irá ser convidado para a próxima IRB Nations Cup? Não se sabe, mas mesmo que seja, será em Junho quando a nossa época de XV já terminou.
Resta a ENC, em que deveríamos fazer 5 jogos. Com ficaram 2 jogos adiados da época passada, na próxima época, E SÓ NESSA, faremos 7 jogos. Ponhamos mais 2 ou 3 particulares. Dá 10.
Até aqui, para 1 jogador que seja de Agronomia (falo deste clube porque nenhum dos outros poderá fazer 22 jogos oficiais pelos seus clubes), SE Agronomia for à final do campeonato e à final da taça, SE esse jogador fizer todos os jogos do seu clube e SE fizer todos os da selecção nacional, vamos em 32 jogos.
Quantos jogos tem a fase inicial da Challenge Cup? 6 jogos, 3 em casa e 3 fora; são pools de 4 equipas. Hipóteses de na 1ª participação passarmos à fase seguinte? Sendo optimista, menos de 1%.
Total de jogos para um jogador que faça isso tudo (e isto é puramente teórico, nenhum vai fazer esses jogos todos): 38 jogos. É um bom número para um semi-profissional.
Os sevens? Pois, isso é que não dá. A solução seria a nossa selecção de sevens não ter mais do que 2 ou 3 jogadores que também joguem na de XV (nas dos outros países, com raríssimas excepções, quem joga na de sevens não joga na de XV) e esses 2 ou 3 jogadores não fariam vários jogos pelos seus clubes SE os seus clubes concordassem E recebessem uma comparticipação justa por isso.
Se não concordassem, fazia-se como nos outros países: quem está na selecção de XV, não está na de sevens.
Vantagens: muitas. Digo só duas. Os melhores jogadores portugueses, todas as épocas, a contactarem com o râguebi de países onde o râguebi está muito mais evoluído e a poderem optar pela semi-profissionalização sem saírem de Portugal... com dinheiros do IRB (isto é mau para os clubes?!)
Pensar que o IRB precisa do Bucaresti e do seu hipotético equivalente português para alguma coisa é um bocadinho ingénuo. É uma abébia que eles dão e que só lhes poderá render dinheiro a longuíssimo prazo, quando já estarão outros à frente do IRB.
Ao fim de MUITOS anos o râguebi romeno e português estariam, na melhor das hipóteses, quase ao nível do italiano e então com mais umas selecções relativamente competitivas, mais umas verbas, etc, etc.
O que é que saíu da reunião de ontem sobre as idades dos escalões de formação para a próxima época? Alguém sabe?
«O Zé faz falta!»
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