O jogo fora das 4 linhas
Li no diário de viagem do Brian O’Driscoll, a propósito da Tour dos British and Irish Lions à Nova Zelândia (2005), que um dia – enquanto via o boletim metereológico – foi surpreendido por um comentário nada simpático acerca da equipa por si capitaneada: dizia o apresentador que no dia seguinte o tempo estaria tão feio como os «1ª linha» dos Lions. O’Driscoll percebeu então que os Lions não iriam defrontar apenas uma equipa, mas antes uma nação absolutamente concentrada na paixão nacional, o Rugby.
Muitas vezes, as grandes dificuldades que se colocam a uma equipa encontram-se fora de campo, e apenas os grupos mais fortes e coesos têm a capacidade para enfrentar – de cabeça levantada e sem tibiezas – os adversários que não equipam, nem placam com as mãos.
A comunicação social – em alguns países mais dedicada ao Rugby, noutros (como em Portugal) menos centrada no mundo oval – joga neste jogo psicológico (desculpem a expressão) uma fatia de leão, e muitas vezes lêem-se expressões, pequenas notícias ou simples comentários que podem (com ou sem intenção) obter determinado efeito na equipa visada.
Alguns grupos lidam bem com a pressão, com o adversário externo, com as «bocas» do jornal. Outros reagem de forma inversa, sentindo-se cercados e interiorizando a mensagem que quem está de fora pretende fazer passar.
A cereja no bolo do jornalismo desportivo dedicado ao Rugby em Portugal aparece quando uma notícia errada é copiada de um jornal para outro (ou quando a fonte original é pouco credível), gerando assim uma sucessão de informações erradas. «Mentiras» (chamemos-lhes assim, mesmo que o jornalista não seja obviamente um mentiroso) muitas vezes repetidas ganham contornos de verdade.
Um grupo que quer ser vencedor tem de aproveitar os dedos apontados a si como lanças apontadas ao próximo adversário. E tem de o fazer com inteligência, não combatendo moinhos de vento mas antes os «gigantes» que funcionam como obstáculos no caminho para as vitórias.
É que se por um lado é verdade que o ruído em torno do(s) jogo(s) pode condicionar os diversos aspectos do desempenho da equipa, também é verdade que é dentro de campo (E EM EQUIPA) que um emblema deve reagir, superando-se!
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