Sobre o Campeonato que agora termina
Terminou o Campeonato, que este ano foi esquisito e marcado por incidências mais ou menos esquisitas.
Começou com violência q.b. (quem já se esqueceu da constante «troca de galhardetes» no início da prova?), continuou com a selecção a retirar aos jogos os seus mais talentosos protagonistas, prosseguiu já na fase descendente com as equipas a posicionarem-se o melhor que puderam para o «sprint» final e... acabou com grande alarido em torno da justo vitória de uns e injusta descida de outros.
Começando pelo fim, tenho para mim (desde o ano passado, quando o Belém até lutou pelo título) que este modelo de descida é aberrante. Aliás, como (quase) toda a gente acha o mesmo, a AG da FPR decidiu alterar a fórmula competitiva da cauda da tabela, sendo aplicável a nova forma de apuramento da equipa que desce em 2007/2008.
Ora, a fava calhou – neste ano da despedida – a um Técnico que realizou boa ponta final do campeonato (tal como no ano passado), mas que acabou por não ter pernas para dar a volta a um jogo que tudo decidia.
Bem vistas as coisas, entre um Cascais que somou 1 vitória e 1 empate, e uma Académica que em 2005/2006 encaixou 14 derrotas de empreitada, a coisa acaba por não ser muito diferente, e é com sabor a injustiça que a rapaziada das Olaias fará nova travessia do deserto, numa «segundona» que é mais complicada do que se pensa, até tendo em conta o esforço financeiro e humano que é andar para cima e para baixo, num campeonato que até tem a virtude de estar mais bem distribuído, geograficamente falando.
Acontece que todos sabiam desde o primeiro jogo que a descida se resolveria desta forma, e por isso com ou sem injustiça, está decidido o figurino de 2007/2008 da DH, e o Cascais consta dele. Parabéns aos de Cascais, porque não têm culpa nenhuma, mas têm o mérito de ter vencido, quando realmente importava.
A Agronomia lá levantou o caneco, e eu acho muito bem que o tenha feito. Dominou o campeonato – tal como o Belém, no ano passado – e seria uma tristeza ver o título fugir-lhes em 80 minutos. Tenho para mim que a Agronomia começou a ganhar este campeonato bem antes do apito inicial, quando soube planear a temporada, escolher os seus reforços e gerir o plantel numa temporada em que a gestão das equipas foi muitíssimo prejudicada pelos jogos internacionais de XV e Sevens (circuito completo, pela 1ª vez).
Parabéns aos Agrónomos, aos jogadores e técnicos, e em particular a Amado da Silva, que muito tem trabalhado para ser feliz.
O Direito fica-se pelo segundo lugar, o qual é posição honrosa e faz justiça à qualidade do seu plantel. A «prata» não é «lata», e por isso devem os advogados do Monsanto ver este lugar no pódio com orgulho. A perder também se aprende, e esta é uma boa oportunidade para o clube dos homens da justiça fazer justiça aos vencedores de 2006/2007 e à arbitragem do João Mourinha, que segundo me diz quem viu (eu não estava lá) foi de bom nível, não justificando toda a indignação da equipa bi-campeã nacional.
Surpresa para mim foi mesmo o 3º lugar do CDUL, que é o clube mais premiado do Rugby nacional, mas que há muito andava afastado destas guerras dos primeiros lugares.
Chegaram à Final Four com mérito, discutiram na Tapada um lugar na final com grande força e coração, e acabaram por conquistar um bronze que tem quase sabor a ouro, tendo em conta a juventude da sua equipa.
O CDUP, que começou o campeonato da pior forma possível (4 derrotas em 4 jogos) acabou por somar 9 vitórias (!), e qualificar-se com relativamente tranquilidade para a Final Four. É merecido para os nortenhos do Rugby, que andam sempre para cá e para lá, fazendo esforços admiráveis e registando resultados de respeito.
Um bem haja para o CDUP e para a invicta cidade do Porto.
Na luta pelos lugares «sem sabor», Benfica e Belenenses – que nos últimos anos andaram nas Final Four e que em 2006/2007 acabaram por tremer um pouco e ver ao longo o espectro da descida – têm razões para pensar muito acerca do que se passou (ou não) no ano desportivo que agora termina!
No caso do Belém, creio que tem condições para pensar – já em 2007/2008 – em regressar aos lugares de topo. E porque talento há – ninguém duvida! – o segredo está mesmo em seguir o exemplo daqueles que se organizaram. É que se os campeonatos se ganham dentro de campo, é fora dele que muitas vezes se faz a diferença.
Temos de dar melhores condições à nossa rapaziada.
Etiquetas: Divisão de Honra
2 Comments:
Caro Rui,
O Cascais venceu, o CDUP, O CDUL, empatou com o Técnico em Cascais. Ou seja, obteve duas vitórias e não apenas uma como refere, e ambas face a equipas que terminaram no final four de cima! De resto, a dado passo (este modelo de campeonato tem disto) o Cascais concentrou-se no último jogo.
É apenas um pormenor.
Abraço
M Carmo
Ok, obrigado pela informação/correcção.
Acrescento apenas que a minha observação nada tem contra o Cascais, mas tudo tem contra este modelo que já no ano passado condenei, quando a AAC quase se safou quando não o merecia.
Parabéns ao Cascais (que aproveitou as circunstâncias, e bem!) e boa sorte em 07/08, excepto quando se cruzar com o Belém! :o)
RV
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