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quarta-feira, novembro 22, 2006

Irlanda, 21 - Austrália, 6

Texto, fotografia e vídeo da autoria do nosso «correspondente» em Dublin, Manuel Mourão (para quem fica novo e reforçado agradecimento!).



O tempo esteve miserável neste domingo (19/11/2006), naquele que era o último jogo internacional de relevo no velho estádio de Lansdowne Road (para a semana é o último jogo oficial, contra os Pacific Islanders).

O mau tempo não fez com que os adeptos se afastassem, antes pelo contrário, a Australia estava ali à mão de semear para ser batida (o que acontece raramente) e a Irlanda tem vindo a jogar um Rugby entusiasmante.

O jogo comecou com chuva e foi piorando até ao final. A primeira parte ainda foi aceitável, e foi aí que a Irlanda fez uma das melhores primeiras partes de desde há muito tempo. Tal como contra a África do Sul, começou a perder nos minutos iniciais por 3-0, mas esta equipa tem muita experiência, vontade e técnica. Cedo se adaptou ao mau tempo, jogou muito à mão (só aos 20 minutos o abertura Ronan O'Gara chutou para touche pela primeira vez) e controlou sempre o jogo.

Literalmente acampou nos 22 da Austrália e só de lá saiu depois de 2 ensaios (antes ainda um ensaio não concedido por recurso às imagens de vídeo). Chegou a haver uma altura em que o ataque da Irlanda teve 20 (!!!!) fases de jogo, com a bola a ser reciclada de ruck para ruck sem que a Austrália conseguisse fazer nada, a lição estava bem estudada.

Eventualmente a supremacia deu nos dois ensaios antes do intervalo, Dennis Hickie e Geordan Murphy, dois repescados que não jogaram no último fim de semana, em jeito de resposta aos críticos que dizem que este plantel nao tem profundidade.

Na segunda parte o tempo continuou a piorar e o rugby já nao foi tão bom. A Irlanda jogou o «q.b.» para manter o resultado até ao final, aproveitou para rodar mais jogadores (quem diria há uns anos atrás que a Irlanda contra a Australia, estaria a 10 minutos da segunda parte a rodar jogadores em posição vencedora!!!).

O mesmo fez a Austrália: George Smith e Matt Rogers foram dois dos que saltaram do banco, mas a supremacia era evidente e a Austrália nunca pareceu mesmo estar de corpo e alma em campo.

POSITIVO:

- O n.º10 Ronan O'Gara (de onde sairam os dois ensaios) a controlar o jogo perto da perfeição em condições difíceis, especialmente na 1ª parte contra o vento. Está cada vez melhor, e exibições destas já são consideradas normais. Ser o primeiro abertura do mundo pode ser difícil, mas que está lá muito perto... está;

- A 2ª e mais ainda a 3ª linha irlandesa, muito boa tecnicamente, e finalmente com físico e espírito para se bater de igual a igual com qualquer equipa;

- Matt Giteau a jogar outra vez a formação e a mostrar a sua polivalência;

- C.Latham: mesmo num dia mau, é sempre um prazer ver este n.º15.

NEGATIVO:

- O mau tempo;

- A Austrália parecia que tinha vontade de tudo menos de estar a disputar aquele jogo;

- 3 cartões amarelos na primeira parte (1 para a Irlnda e 2 para a Austrália) a deixar o jogo por 10 minutos 13 contra 14;

- A lesão de Larkham tao cedo na segunda parte.

NOTAS FINAIS:

No final os Irlandeses sairam com o sentimento de missão cumprida, e a alegria de pela primeira vez em 40 anos terem batido de seguida duas equipas do hemisfério Sul, e claro com a certeza de chegarem ao Top 3 do Ranking IRB.

Mas atenção: ainda falta muito para o Mundial, não se pode ler muito nestes testes de Outono, especialmente sabendo que as equipas do Sul vêm já em final de época e aproveitam para fazer testes e experiências com jogadores, enquanto as equipas do Norte embora fazendo experiências tambem, fazem menos mexidas, tentam estabilizar a equipa naquelas que são as últimas oportunidades de jogarem contra os candidatos do Sul antes do Campeonato do Mundo.

VÍDEO:

Para ver o vídeo realizado por Manuel Mourão em Lansdowne Road, clique aqui. Trata-se de uma montagem de dois momentos diferentes: um inicial, com o público a cantar o «Ireland's Call», hino da IRFU, e outros posterior, durante o jogo, com a multidão a cantar em uníssono a canção «Fields of Athenry». Aconselho vivamente a visualização deste pequeno vídeo!

2 Comments:

At 10:52 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Rui Vasco e Afonso, este texto é mais uma prova da qualidade do vosso blog, o facto de terem um correspondente que faça uma cobertura excelente de alguns jogos que se realizam na Irlanda..os meus parabéns!

 
At 10:21 da manhã, Blogger Rui Silva said...

O mérito vai todo para o Manuel Mourão, que vivendo em Dublin tem a oportunidade de assistir ao vivo a todos estes jogos fabulosos - e já acompanhou também uma partida da UCC Rugby, do Diogo Mateus -, e sobre eles escrever crónicas esclarecidas.

Infelizmente, eu não vi o jogo em questão, e fico muitíssimo contente pelo facto de poder ler as notas de um amante do Rugby português fixado na Irlanda, acerca dos grandes internacionais disputados naquele país.

Ao Manuel, um novo «muito obrigado!».

 

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