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sábado, maio 19, 2007

Os campos...

O Rugby é muitas vezes apontado como responsável pelo mau estado do relvado n.º2 do Restelo, partilhado – como é sabido – com a modalidade n.º1 do clube, o Futebol.

Trata-se pois de um bode expiatório perfeiuto, já que a generalidade dos associados não faz ideia:

a) Do tipo e tempo de utilização que o Rugby faz do campo n.º2;
b) Do real impacto de um jogo de Rugby num relvado natural.

A primeira questão é de fácil esclarecimento: com seniores e juniores a treinarem no estádio nacional, a utilização que o Rugby faz do campo n.º2 limita-se aos treinos das escolas (duas horas, duas vezes por semana, com todos os escalões em simultâneo) e aos jogos da equipa senior (que não são nunca mais de 3 por mês).

Não é pois o Rugby quem mais utiliza o campo (atirando os escalões de formação do futebol para fora do Restelo, como dizem alguns sócios mais desinformados), nem tão pouco se trata da modalidade que mais pressão coloca sobre aquele relvado.

A segunda questão é mais complexa, e assumo que não sou especialista na matéria. Assim, limito-me a escrever aquilo que alguém, com mais competências nesta coisa da gestão dos relvados, me disse um dia: um jogo de Rugby é bem menos violento para um campo de relva natural do que um jogo de Futebol.

Como já assisti a muitos jogos de Rugby e a muitos jogos de Futebol, direi que a «olhómetro» é precisamente isso que salta à vista.

Responsabilizar permanentemente o Rugby pelo que se passa no campo n.º2 é um disparate que apenas serve as intenções daqueles que, há muito, querem ver o Rugby fora do Belenenses.

Deveriam essas eminências pardas olhar para o que se passa lá fora. Por exemplo em Inglaterra, terra do Futebol mas também do Rugby, onde clubes de 1º plano (nas duas modalidades) usam os mesmos palcos principais.

Exemplos: os Saracens (Rugby) partilham o Vicarage Road Stadium com o Watford, que esta temporada disputou a Premiership inglesa; para aqueles que rapidamente dirão «se calhar é por isso que o Watford desceu», acrescento o exemplo do Reading (também de Londres), que partilha o magnífico Majdeski Stadium com os London Irish.


Majdeski Stadium


Vicarage Road

Portugal não tem a cultura desportiva inglesa, e talvez por isso as nossas modalidades – Futebol incluído – sejam tão fracas ao nível das competições nacionais. É por isso importante começar-se a olhar para o que se faz lá fora, procurando importar as boas práticas, também ao nível da gestão dos recintos desportivos.

O Belenenses tem mostrado impressionante coragem para manter o Rugby a funcionar, investindo inclusivamente na formação de qualidade, razão pela qual tem conseguido obter relevantes resultados a todos os níveis. Falta agora avançar para uma de duas opções fundamentais sobre a importante questão dos espaços: ou reorganiza os campos e a sua utilização, sem complexos e sem dramas que apenas na cabeça de alguns fazem sentido, ou realiza um esforço sem precedentes nos sentido de dar ao Rugby um espaço próprio, fora do Restelo, para que a modalidade dê o salto qualitativo que a colocará – estou certo – no topo do Rugby nacional, de forma constante, sem quebras e rendimento desportivo.