:: Belenenses XV ::: Convite agrónomo faz todo o sentido

segunda-feira, maio 14, 2007

Convite agrónomo faz todo o sentido

O presidente de Agronomia, Amado da Silva, escreveu na sua habitual crónica (agora publicada no renovado site do clube) uma série de pertinentes observações acerca do futuro do Rugby de clubes em Portugal. A sua preocupação, como a minha aliás, respeita à principal prova de Rugby de clubes disputada em Portugal.

Amado da Silva pergunta – e bem – se « Estarão os clubes disponíveis para se unirem em torno de um projecto comum com, ou sem, o desejável apoio da FPR, que certamente estará absorta com o Mundial?».

A FPR já mostrou que não é capaz de dinamizar a Divisão de Honra. Não é capaz de valorizar a prova no contexto nacional, não sabe para que serve o modelo implementado, não sente necessidade de a dar a conhecer à esmagadora maioria dos portugueses, que apenas agora começam a olhar – timidamente – para o panorama nacional do Rugby.

A Divisão de Honra parece ser, para a FPR, uma coisa para entreter, entre jogos internacionais.

Como é óbvio, os clubes têm uma palavra a dizer sobre esta quetsão, até porque são eles os associados desta Federação. A Federação será sempre aquilo que os clubes quiserem, e se calhar está na hora dos clubes exercerem esse poder decisivo sobre uma Federação que, atacada por todos os lados, parece fechar-se sobre si mesma, olhando apenas para o lado festivo do Rugby e para uma selecção nacional de XV que nos vai dando motivos de orgulho.

«Não há tempo a perder», diz o presidente agrónomo. E tem toda a razão. É que tempo perdido é coisa que não falta nesta tão mal tratada modalidade.

É de facto preciso resolver os mais urgentes problemas do Rugby de clubes:

- A relação com os media;
- A sensível questão da arbitragem;
- O modelo competitivo (que deve ser adequado à nossa realidade, em vez de se implementar um modelo que apenas nas provas mais profissionais do mundo parece encontrar sentido);
- A relação selecção/clubes.

Eu acrescento uma bandeira que me é cara, e acerca da qual venho falando à meses, quase ininterruptamente: a questão da abertura do Rugby ao exterior, trazendo mais público ao Rugby, popularizando esta modalidade ainda tão elitista.

Depois penso que há outras questões de grande importância, como a dos campos (na maior parte dos casos sem condições), por exemplo. Trabalho é o que não falta.

O clube da Tapada tomou a iniciativa de colocar estas questões em cima da mesa, e vai convocar os outros emblemas para as discutir, tendo em vista uma plataforma comum de entendimento.

Pessoalmente tenho pena que o Belém não tenha avançado antes pelo mesmo caminho. Resta-nos, belenenses, participar activamente neste processo, abrindo em conjunto com os principais clubes nacionais da modalidade novos horizontes ao Rugby de clubes luso.

A FPR que se ponha a pau. É que noutras modalidades, problemas semelhantes conduziram os clubes a soluções de ruptura com as respectivas Federações.

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11 Comments:

At 4:20 da tarde, Blogger Unknown said...

gostaria de saber se o belenenses,vem ao IX TORNEIO J.P a Coimbra.Se fosse possível queria o contacto do responsável de iniciados ,para confirmar a presença ou não.



saudaçoes académicas

pedro santos

 
At 4:43 da tarde, Blogger Afonso Nogueira said...

Eu sou o responsável pelo escalão.

Pensava que estávamos confirmados...


contactem-me pelo e-mail:
afonsobnogueira@gmail.com

 
At 10:26 da manhã, Blogger LCN said...

A Lei de Bases prevê a existência de ligas (embora em desportos profissionais). Não será de descartar uma solução hibrida, em que os clubes, apesar de amadores, se organizem separadamente... mas existem claros obstáculos legais.

 
At 8:58 da tarde, Blogger Salvador Mathias said...

era muito bom existirem 2 blogs ao nivel do do cdul...este antes era uma referencia, mas com tantas chatices, passou pra segundo plano e agora raramente e actualizado.pena..

 
At 11:05 da tarde, Blogger Duarte said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 11:13 da tarde, Blogger Duarte said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 11:14 da tarde, Blogger Duarte said...

Num momento em que muito se fala sobre o futuro do râguebi português, talvez tenha algum interesse, recolher e divulgar informação sobre o râguebi nos países europeus que connosco disputam o ENC.

Todas as correcções e aditamentos aos textos que vou enviar são bem vindos.

 
At 11:19 da tarde, Blogger Duarte said...

1) Geórgia

O rugby é muito popular porque o desporto tradicional da Geórgia (Lelo) tem parecenças com o rugby. Por outro lado os resultados da Geórgia em todos os outros desportos são muito fracos. A maioria dos adeptos nunca jogou rugby.

Qd a selecção joga, são normais assistências entre os 15.000 e os 25.000, por vezes mais. Numa das primeiras vezes que a selecção jogou contra a Rússia, em parte devido a rivalidades extra-desportivas, assistiram cerca de 70.000 pessoas.

Uma economia muito fraca e muita instabilidade política não permitem o desenvolvimento do rugby de clubes no país. Actualmente, existem apenas uma 1ª divisão com 6 equipas e uma 2ª divisão com 4 (uma delas é a equipa B dum clube da 1ª divisão). Quase todos os clubes são de Tiblissi, a capital. O número de jogadores seniores federados é inferior ao de Portugal. O número de jogadores dos escalões de formação é muitíssimo inferior ao nosso.

Qq jogador que dê nas vistas, muito bom, bom ou apenas razoável, vai jogar para o estrangeiro (estarão entre 60 a 80 georgianos no estrangeiro): 1ª e 2ª divisões francesas, divisões francesas “amadoras”, liga profissional russa e até para países como a Roménia, Ucrânia e Rep. Checa. Treinadores e dirigentes de clubes, principalmente franceses, estabeleceram um circuito de transferências que se encarrega disso. Claude Sorel, o francês q treinou a Geórgia e agora treina a Rússia foi o principal impulsionador das transferências dos melhores jogadores.

O rugby na Geórgia é amador (um clube tentou a profissionalização e rapidamente desistiu), mas na selecção são todos profissionais. Ultimamente, a selecção nacional, nos 22, não costuma ter ninguém que jogue na Geórgia (qd tem 1 ou 2, trata-se de jogadores que jogavam na Rússia e que por problemas políticos voltaram à Geórgia; logo que poderem, voltarão a sair da Geórgia).

Não é obviamente um modelo a seguir. O público praticamente só se interessa pela selecção e há muito pouca formação.

Os bons resultados da selecção mostram, no entanto, que a ligação aos clubes franceses permitiu que um país com pouca população e muito pobre, conseguisse através dum modelo de “exportação de jogadores” fazer muitíssimo mais do que seria de esperar.

 
At 11:50 da tarde, Blogger Duarte said...

2) Rússia

Só nos últimos tempos da União Soviética é que os governantes começaram a mostrar algum interesse pelo rugby (mesmo assim, muito pouco qd comparado com o apoio concedido às modalidades olímpicas). A selecção da ex União Soviética sempre teve muitos jogadores da Geórgia e disputava com a Itália o estatuto de 7ª potência europeia a seguir às V nações e à Roménia. Com o fim da União, o rugby russo encontrou-se uns bons furos abaixo do da U. Soviética.

O aparecimento de milionários da noite para o dia levou a que alguns deles apoiassem algumas equipas de rugby, apesar de não terem qq ligação anterior ao rugby. No entanto, tudo se fazia numa situação de grande confusão em que a mesma equipa num ano jogava rugby (o nosso rugby de XV, também chamado Rugby Union, nos países britânicos), podendo no ano seguinte aparecer a jogar rugby de XIII (também chamado rugby league nos países de língua inglesa; com regras muito diferentes e com uma história internacional de completa incompatibilidade com o rugby de XV).

Durante algum tempo, a aposta principal chegou a ser no rubgy de XIII, com a disputa de um campeonato profissional.

Actualmente o rugby de XV parece ter-se imposto (apesar de alguns clubes ainda hesitarem entre os dois "códigos") e é disputada uma liga profissional que este ano passou de 6 para 8 equipas. Com efeito a Rússia é um dos 11 países do mundo com provas internas profissionais (os outros são as 3N, as 6N e o Japão). 3 equipas são das regiões principais, como seja Moscovo, 3 são da Sibéria (2 das quais de Kranoyarsk), 1 é de Krasnodar, no Sul da Rússia e 1 é da região que faz fronteira com a Mongólia.

Como se vê, as distâncias a percorrer são gigantescas e a diferença de qualidade entre as equipas também. Algumas equipas estão a passar por dificuldades e duvida-se que na próxima época se mantenham 8 equipas profissionais.

Mas todas as equipas são 100% profissionais e os jogadores que não quiserem dedicar-se totalmente ao rugby têm que jogar nas equipas B. Os ordenados médios são semelhantes ou ligeiramente superiores aos que são pagos na PRO2 (2ª divisão francesa, tb ela assumidamente profissional), algo como 2.500 euros/mês.

Por este motivo, ao contrário do que acontece com os Georgianos (que além de não terem profissionalismo no seu país, vão para França ganhar incomparavelmente mais a jogar rugby do que ganhavam com as suas profissões na Geórgia), os jogadores russos têm recusado muitas propostas de clubes da PRO2, mantendo-se no seu país onde com o mesmo dinheiro ficam com um nível de vida mais elevado (e muitíssimo mais elevado do que o da maioria dos seus compatriotas, incluindo quadros qualificados).

É extremamente duvidoso que as receitas de bilheteira, de publicidade e de marketing cubram as despesas destes clubes. Tudo parece depender de mecenas e de empresas que, na melhor das hipóteses, vêem no patrocínio de equipas de rugby uma oportunidade de promoção pessoal e de alguma visibilidade extra para as empresas.

Na Sibéria, o rugby é muito popular e, qd a selecção joga lá, assistências acima dos 10.000 são normais.

A Federação, pouco apoiada pelo IRB, é conhecida pelas mais rocambolescas e, nalguns casos, sinistras histórias, mas consegue conjugar perfeitamente o calendário interno e o calendário da selecção. Esta não parece ter problemas de financiamento para treinos, estágios prolongados e digressões.

Este modelo poderá continuar a elevar muito o nível do rugby russo, mas parece inexequível para o nosso país uma vez que assenta em patrocínios elevados e sem esperança de retorno financeiro.

A nível de selecções, se compararmos Geórgia e Rússia, vemos que ambas são formadas por jogadores totalmente profissionais, mas que enquanto os primeiros jogam todos no estrangeiro, os segundos jogam, na sua maioria, no seu próprio país (um número muito reduzido recebeu propostas muito boas de clubes da 1ª divisão francesa e aceitou).

 
At 10:17 da manhã, Blogger miguel rodrigues said...

Salvador,

Por acaso não acho que este blog tenha passado para 2º plano, antes pelo contrário, são é diferentes. Parece que é menos visionado porque não tem muitos coments, mas tal deve-se ao facto de só poderem comentar as pessoas registadas como bloggers, foi uma opção que tem de ser respeitada, nem todos estão dispostos a aturar comentários de baixo nível de anónimos. De certeza que continua a ser dos blogues mais visitados.

Para mim este continua a ser uma referência, assim como o actual Zé do Melão, o Coisas do Rugby, e num contexto mais clubísta, o Cascalheira, a Máfia Verdíssima, as Escolas da Académica, o novo site da Agronomia, etc.

Um abraço

 
At 10:56 da manhã, Blogger Afonso Nogueira said...

No inicio tínhamos actualizações pelo menos 3 vezes por dia.
Neste momento tanto eu como o Rui Vasco estamos com bastante trabalho... (pelo menos falo por mim)

É preciso ter tempo e paciência para escrever com regularidade.

Já agora digo que a média diária de visitas está entre as 500 e as 600.

 

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