Perspectivando uma «nova» Divisão de Honra
Há umas semanas atrás escrevi aqui, no Belenenses XV, acerca da iniciativa do presidente da Agronomia, Amado da Silva, relativamente à convocação dos responsáveis dos clubes para uma discussão sobre a Divisão de Honra e sobre o Rugby de clubes em Portugal.
Na altura foi com extrema satisfação que li o texto publicado por Amado da Silva no site oficial do seu clube.
Acontece que Amado da Silva voltou ao tema – também na habitual crónica «O Cantinho do Presidente», de 4 de Junho de 2007 –, avançando um pouco mais neste tema. É sobre alguns aspectos referidos no texto referenciado que me proponho escrever hoje.
A preocupação relativa ao potencial efeito da preparação do Mundial na temporada 2007/2008 é inteiramente justificada. Partilho-a e já a fiz sentir aos responsáveis do meu clube.
Amado da Silva informa que a tal convocatória foi feita, e que a ela corresponderam vários dirigentes. Pessoalmente não tomei conhecimento da iniciativa (aliás, nem tinha de ter tomado) e por isso não sei se o Belém esteve representado (presumo que sim) nem quais os clubes ausentes. Mas isso não é relevante para o que aqui gostaria de referir.
Diz Amado da Silva que se sente uma vontade de mudança, mas adverte para um certo imobilismo por parte de quem vai beneficiando do sistema. Não me surpreende, até porque uma coisa é a análise que o clube A ou o clube B fazem do «estado de coisas» do Rugby luso, outra questão bem diferente é a efectiva disponibilidade desses mesmos emblemas para se empenharem em medidas concretas para a inversão deste ciclo descendente do Rugby de clubes
Na verdade, o imobilismo não serve a ninguém, e é isso que mesmo os mais imobilistas terão de perceber rapidamente. O Rugby de clubes está moribundo, e há modalidades com menor expressão ou menor potencial que lhe passam à frente todos os dias. Os patrocinadores lá se vão arranjando com base nos conhecimentos, cunhas, amizades... Mas esse não é o caminho para o futuro. Como qualquer modalidade decente, o Rugby terá de afirmar o seu valor próprio, a sua capacidade organizativa e procurar gerar retorno(s) para todos aqueles que nele se envolvem. Seja ele de carácter financeiro ou de outro tipo.
O imobilismo tem conduzido a «isto» que temos hoje. Chega!
O caminho apontado pela Agronomia parece-me bastante sensato: libertar a FPR para as tarefas específicas da divulgação da modalidade, criação de novas equipas e clubes, aposta na formação e nas provas vocacionadas para os escalões etários mais jovens... através de uma autonomia controlada e rigorosamente definida/estabelecida (acrescento eu) dos clubes principais da modalidade na organização de uma prova máxima digna desse nome e do Rugby.
É claro que se os clubes se puserem de acordo sobre este tema, e decidirem avançar mesmo com a organização da Divisão de Honra (supondo que a FPR se libertava desse pesado fardo, que pelos vistos não deseja para si, tal o grau de desorganização verificado nas últimas edições da prova), terão de mostrar competências e DISPONIBILIDADES vastas. Seria MUITO negativo para os emblemas e para a prova verificar-se uma incapacidade dos clubes maior do que a confrangedora incapacidade da FPR.
Terão os clubes capacidade para gerir, de forma consensual, uma prova como a Divisão de Honra? Terão os clubes a capacidade de se meterem de acordo relativamente a questões como a arbitragem, os regulamentos e os calendários?
Eu espero bem que sim, mas tenho fundadas dúvidas.
É que se a FPR tem mostrado grandes dificuldades organizativas na gestão da modalidade (sobretudo dentro de portas), os clubes têm também nisso graves responsabilidades, por acção ou inacção. Mais: os próprios clubes não são modelos perfeitos de organização, e parece-me que antes de avançarem numa direcção mais responsabilizante das suas funções terão de se auto-avaliar.
Amado da Silva propõe que aguardemos por novos episódios. Venham eles... a bem do Rugby.
Etiquetas: Divisão de Honra
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