Considerações sobre o França 2007 - parte II
A um ano do pontapé de saída do Mundial 2007, o evento mais aguardado dos últimos 4 anos do mundo oval, fazer exercícios de «futurologia» acerca de candidatos e potenciais surpresas é, no mínimo, coisa arriscada. É claro que é sempre possível dizer que há um grupo de eternos candidatos, um outro grupo de nações de segunda linha mundial, capazes de surpreender e chegar aos 4 primeiros lugares, um terceiro grupo de equipas que lutarão pela melhor classificação possível e, para terminar, um derradeiro grupo, composto por selecções que participam por mérito próprio mas que vão ao mundial sem grandes possibilidades de passar além da fase de grupos.
Até 7 de Setembro de 2007, dia do jogo inaugural do Mundial entre a equipa da casa e a Argentina (em Saint Denis), muito Rugby será jogado. Aliás, o apuramento para o Mundial nem sequer está concluído, e apenas 12 equipas têm já lugar assegurado na prova máxima do Rugby. O Canadá, que parece atravessar um bom momento, foi a última selecção a garantir presença em França, depois de despachar os rivais norte-americanos por 56-7.
As principais equipas do Mundo terão ainda épocas longas e cheias de compromissos nacionais e internacionais, com destaque para o Tri Nations e para o VI Nations, respectivamente no Hemisfério Sul e o Hemisfério Norte. Depois há o Super14 e as provas de clubes europeias, como a muito competitiva Heineken Cup. Muita água correrá debaixo da ponte. Muitas lesões condicionarão convocatórias, muitos jogadores farão épocas de raiva, muitas surpresas surgirão.
O favoritismo recai sobre as nações do Sul:
- Nova Zelândia: actual n.º1 do ranking mundial, vencedora do Tri Nations 2006 e quase invencível nos últimos anos. A Nova Zelândia apresenta-se como a nação mais poderosa, com um grupo alargado de jogadores capazes de compôr vários XV's igualmente competitivos. Tem no seu «plantel» vários jogadores que são, na minha opinião, os melhores do mundo na sua posição, actualmente. Dan Carter (abertura), Richie McCaw (asa n.º7), Carl Hayman (pilar), Chris Jack (saltador), Jerry Collins (asa/n.º8)... entre outros.
- Austrália: a única nação a ter vencido o mundial por duas vezes! Dispensa apresentações, mas enfrenta um problema actual relacionado com a má organizazção interna do seu Rugby e com a renovação da equipa, ainda capitaneada por George Gregan. Importa todavia não desvalorizar os australianos, que se superam em momentos chave e podem muito bem - numa prova em que, nos momentos decisivos, os jogos são a eliminar - «fazer das tripas coração» para levar para Sidney, uma vez mais, o troféu.
- África do Sul: é a nação mais forte do mundo, após a Nova Zelândia. O mau Tri Nations 2006 não deverá ser encarado como um sinal determinante relativamente ao mundial do próximo ano. Os sul-africanos, que já venceram a prova uma vez, querem repetir a façanha e contam com um grupo alargado de atletas para atacar os seus adversários. Recorde-se que foram a primeira equipa a bater os All-Blacks nos últimos meses, por 21-20.
Depois há as nações do norte, que já provaram estar à altura do Mundial e das suas exigências. Um dado que o comprova: em 5 edições já realizadas, apenas por uma vez (1995) não houve equipas do norte na final. Em todas as outras edições houve 2 equipas europeias nos 4 primeiros lugares (com excepção de 1999, ano em que apenas a França chegou à final) e em 2003 a Inglaterra bateu a Austrália em Sidney, sagrando-se campeã do mundo, título que defenderá em França.
Actualmente, creio que a França (n.º2 do ranking) é a mais bem colocada para atacar o título mundial. Detentora do VI Nations 2006 (mesmo sem deslumbrar), a equipa gaulesa é forte e possuidora de um tipo de jogo que, por vezes, baralha as equipas mais mecanizadas do hemisfério sul. Os franceses já estiveram dois vezes na final (1987 e 1999), mas sairam sempre derrotados...
A Inglaterra é também uma forte candidata ao título, mais pelo nome do que pela actual qualidade de jogo. A recente digressão à Austrália mostrou que a equipa da rosa vermelha tem várias deficiências que dificilmente deverá ultrapassar a tempo do Mundial. O seu desempenho no VI Nations será um bom barómetro, bem como os resultados obtidos nos jogos de Novembro (em especial na partida frente aos All-Blacks, dia 5/11/2006, em Twickenham).
Relativamente às outras três home nations direi que, na minha opinião, a Irlanda poderá pela primeira vez provar o gosto de uma meia final, e que a Escócia lhe poderá fazer frente nessa pretensão. São duas equipas bem orientadas e com bom valores, pese embora me pareça que os escoceses estão um pouco abaixo do nível dos homens da ilha verde. O País de Gales, pelo qual tenho particular simpatia, não deverá estar ao nível necessário para aspirar a bons resultados.
Eis a minha aposta, a um ano do mundial:
Candidatos (1º nível):
- Nova Zelândia
- África do Sul
- Austrália
- França
Candidatos (2º nível):
- Inglaterra
- Irlanda
Equipas que podem surpreender:
- Escócia
- Canadá (a outro nível, claro)
- Argentina
Desilusões previsiveís:
- País de Gales
18 Comments:
E a italia? Ainda na esta apurada mas incluia ai nesse grupo de equipas que podem surpreender! Só um pormenor, argentina faz sempre das tripas coração, não me admirava nada que este mundial eles estejam em grande!
Pois, o problema da Itália é esse: ainda não está apurada. Aliás, é nossa concorrente na 5ª ronda de apuramento. É previsível que seja a 1ª equipa europeia garantir o lugar de qualificação (tirando as 5 do costume), mas... foi por isso que não a referi.
Caro Rui Vasco,
Nao podemos contar com a FPR e o seu "aleatoriamente actalizado" site para nos informar, por isso pedia-lhe, apesar de nao ser do Belém (mas sou um assíduo leitor do seu blog) que nos prestasse mais um serviço público, divulgando a lista total dos jogadores (não só os Belenenses) que estão a caminho da Argentina... enfim.. é que a FPR acha isso um "assunto menor" concerteza :D
Se eu soubesse...
Fica prometido, mal eu tenha essa informaçã0.
Em todo o caso chamo a atenção para a convocatória datada de 11.8.2006, publicada no site da FPR, para os trabalhos da selecção:
http://www.fpr.pt/noticias/noticia.asp?id=5882&id2=3
Deste grupo de jogadores sairá, com certeza, um lote de 20 e tal jogadores para a digressão.
Um deles sei, com certeza, que não vai: o Francisco Moreira (lesão ao nível da anca). Sobre os outros, não tenho informação.
Convocatória:
Belenenses: Cristian Spachuk, Sebastião Cunha, João Uva, Diogo Mateus
Direito: João Correia (Pipas), Vasco Uva, Diogo Coutinho, José Pinto, João Diogo Mota, Frederico Sousa, Miguel Portela, António Aguilar, Pedro Carvalho, Pedro Leal
Agronomia: Gustavo, Juan Severino, Duarte Cardoso Pinto, Adérito Esteves, Filipe Saldanha
Cdul: Tiago Girão, Pedro Cabral
Cdup: Marcelo D'Orey, Joaquim Ferreira
Académica: Rui Cordeiro
está-me a faltar um jogador, pois creio irem 26. Assim que souber anúncio.
Já me recordo.
Taful (Técnico)
Engraçado, o Taful não foi incluído na tal convocatória de Agosto... Mas pronto, isso não lhe retira mérito nem capacidade para representar a selecção. Parabéns ao Técnico, que há uns anos enchia a equipa nacional com jogadores seus.
É uma convocatória discutível, embora possa estar condicionada por uma série de factores individuais que, pessoalmente, desconheço.
Assim que for tornada pública, no site oficial da FPR, colocamos notícia relativa à digressão. Oxalá que disponibilizem dados sobre jogos a efectuar, datas de partida e chegada, etc...
Apenas uma clarificação:
Quando falo em convocatória discutível não me refiro ao Taful, mas a um conjunto mais alargado de presenças e, por outro lado, ausências.
Está feita a clarificação.
Note-se que a convocatória foi feita de acordo com a disponibilidade dos jogadores, isto é, muitos jogadores fazem parte do conjunto de jogadores que actualmente inserem os treinos da selecção mas que por motivo vários (estudos/exames, trabalho, lesões, etc) não podem deslocar-se à digressão. Portanto, apenas foram declinados por motivos pessoais/profissionais e não por opções técnicas. Falo por exemplo de jogadores como:
Rodrigo Aguiar (Agronomia), Diogo Coelho (Agronomia), Mata Pereira (Belenenses), Paulo Santos (Belenenses), Francisco Moreira (Belenenses), Paulo Murinello (CDUL), etc
É o grupinho do costume.....o dos amigalhaços......
Então e os nossos internacionais argentinos....que é feito deles.....tanto dinheiro que custam aos bolsos dos contribuintes......faltam ali pelo menos o do beleneneses e os dois do direito......
Caros amigos, creio que todos os assuntos podem e devem ser debatidos aqui no Blog, mas com argumentação sólida e, de preferência, de forma assinada. Não peço BI... o nome basta. Acho que quem escreve deve assinar a sua opinião. Torna o espaço mais digno, digo eu.
Melhores cumprimentos
Rui Vasco
Acho que o Malheiro, depois de o ver jogar contra ITA A e ARG A, vai fazer muita falta(e o Murinello também). Lesionou-se durante as férias, é preciso azar.
Além do G. Uva e do D'Orey vai mais algum 2ª linha (Lourenço e M. Pereira lesionados)?! Alguém sabe por que é o Penalva não vai?
Amigalhaços? Quem é que acham que devia ir e não vai? Há lesões, há jogadores que não podem ir por causa de estudos ou trabalho e há até jogadres que não estão interessados em jogar na selecção e é por isso que nunca são convidados.
Isto de só se encontrar os convocados para a digressão nos comentários dum blog é demais. O site da FPR é uma vergonha. Já muita gente o disse, mas pelos vistos ainda somos poucos. É preciso insistir até que eles tenham vergonha do péssimo trabalho que têm feito nesse aspecto. Noutras áreas nem tudo tem sido mau.
não fui eu que fiz o comentario de cima sobre os naturalizados, mas gostaria de saber se alguem sabe porque agora não foram convocados os que foram contra a italiaA e argentinaA, é que naturalizar um jogador só para fazer um amigavel, eu acho um pouco desnecessario, alem disse quem pagou os ordenados enquanto estiveram cá?
É de facto estranho que nomes como Eduardo Acosta, Juan Murré e Vargas não apareçam na convocatória. Se calhar já lá, estão (na Argentina), mas isso não invalida a necessidade de os incluir, não sei.
Em todo o caso esta história das naturalizaações é muito interessante, e espero dentro de umas semanas publicar alguma coisa sobre o assunto.
Ainda no outro dia falei com o Sérgio Ferreira («Caveira») sobre o assunto, e ele disse-me que o primeiro estrangeiro a jogar por Portugal (de acordo com a sua memória) teria sido o Craig Ferris, do Benfica. Depois disso houve mais, como o Hoffman, do Técnico.
Quem pagou a estes jogadores ou não (não apenas aos que agora estão no activo, mas a todos os outros) é coisa interessante de se saber... Mas é para todos os casos, não é só para alguns!
É que as confusões entre FPR e clubes são muito antigas, e o tal «clube dos amigalhaços» já viveu várias fases, beneficiando hoje estes e amanhã aqueles. Não faz por isso sentido que se fale em «amigalhaços», não concretizando na prática o que se pretende dizer. Já parece um blog do futebol...
O melhor mesmo seria a total independência dos clubes face à FPR, excepto no que diz respeito aos apoios legalmente previstos. Isso sim, merece o meu total apoio.
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