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terça-feira, setembro 05, 2006

Considerações sobre o França 2007

Os «Lobos» e o Belenenses

A notícia não é nova, muito pelo contrário. Mas vai merecendo cada vez mais destaque. Os nossos «Lobos» vão à Argentina e ao Uruguai, com a intenção de ganhar mais ritmo, entrusamento e determinação para os embates de Outubro e Novembro, contra a Itália e a Rússia.



O Belenenses perderá, pelo menos até ao final de Novembro, meia equipa. Alguns nomes de atletas potencialmente envolvidos na digressão e, mais tarde, nos jogos de qualificação: Juan Murré (pilar), Cristian Spachuk (pilar), Paulo Santos (talonador), Mata Pereira (2ª linha), Lourenço Andrade (2ª linha), João Uva (3ª linha), Sebastião Cunha (3ª linha/2ª linha/ponta), Valter Jorge (3ª linha/n.º8), David Mateus (ponta/centro), Diogo Mateus (centro), Francisco Moreira (abertura/arrier), João Mirra (defesa) e David Penalva (2ª linha)*.

A primeira consequência deste facto é tão simples como aterradora: o Belenenses realizará toda fase de grupos da Taça de Portugal sem estes seus habituais titulares, e deverá arrancar para a Divisão de Honra (1ª Jornada marcada para 2 de Dezembro) com jogadores extenuados e até, muito provavelmente, lesionados.

Compreendo que o apuramento para o Mundial de 2007 seja uma prioridade para a FPR, mas a utilização dos jogadores azuis – que necessáriamente terá consequências negativas para o Belenenses e para a planificação da sua época – terá de ser devidamente compensada pela Federação.

* David Penalva foi apresentado como jogador do Belenenses na última convocatória da selecção nacional. É no entanto muito provável que o jogar regresse a França ña temporada que agora se inicia, terminando assim a sua ligação ao clube do Restelo.

Um bizarro sistema de apuramento (parte 1)

Bizarro é o termo que considero mais adequado para descrever o actual sistema de apuramento para os campeonatos do mundo de Rugby.

O sistema varia de continente para continente, e na Europa baseia-se no desempenho das equipas nas várias «divisões» em que alinham no quadro da FIRA-AER. Depois seguem-se novas fases de apuramento, com equipas das divisões inferiores (caso da recém promovida Espanha) a juntarem-se a equipas de divisões superiores (Portugal, Roménia, Geórgia e Rússia/Rep.Checa) e à Itália na discussão dos lugares atribuídos aos países europeus sem acesso directo ao torneio.

O sistema é um pouco mais complexo do que esta sucinta explicação poderá dar a entender, mas o adjectivo «bizarro» refere-se a este meu último sublinhado: existem, desde 1985 (1º edição do campeonato) equipas com acesso directo à prova: Nova Zelândia, Austrália, África do Sul (desde 1991, devido a questões políticas), Inglaterra, País de Gales, Irlanda, Escócia e França.

Com franqueza admito que não sei se é, no quadro das grandes modalidades colectivas, caso único. Mas com semelhante honestidade devo acrescentar que, sendo ou não, este direito especial das nações mais fortes do Rugby é um privilégio actualmente desprovido de sentido, e que acaba por prejudicar – na minha opinião – o desenvolvimento da modalidade.

É claro que o acesso directo destas 8 nações ao Mundial tem uma história e uma razão de ser. A Taça do Mundo surgiu por proposta da Nova Zelândia e da Austrália (países que acaram por organizar em conjunto a primeira edição da prova), tendo como uma das principais motivações viabilizar financeiramente a então IRFB (actual IRB) – através da actividade da Rugby World Cup Ltd. –, da qual apenas faziam parte as referidas federações.

Em 1985, o grupo dos 8 poderosos (incluindo a África do Sul, que não participou desportivamente mas esteve envolvida nas decisões ao nível organizativo) entedeu alargar o campeonato a mais 9 países, seleccionando-os sob a forma de convite. Foram eles: Roménia, Fiji, Tonga, Argentina, Canadá, Estados Unidos, Zimbabué, Itália e Japão.

Depois, com a evolução da prova, a profissionalização da modalidade e a comercialização do produto «Campeonato do Mundo de Rugby», na segunda edição do torneio foram criadas pools de apuramento por continente, com as equipas a lutarem por um número previamente estabelecido de lugares disponíveis (32)... Mas com os tais oito emblemas nacionais a continuarem a assistir «de fora» aos jogos preliminares.

O alargamento da IRB a mais e novas federações deveria ter conduzido a alterações no sistema de apuramento para o Campeonato do Mundo, com as poderosas «nações-rugby» a verem-se obrigadas a fazer oficialmente aquilo que, de livre vontade, não fazem: enfrentar equipas de outro nível competitivo. Infelizmente assim não acontece, e mesmo as nações em franca ascenção ao nível de selecções (como Portugal e a Geórgia, ao nível Europeu) não encontram oportunidades (nem regulares nem pontuais) para receber (ou visitar) os cinco países mais fortes do continente, as chamadas «Home-Nations» e a França.

Se o Rugby é exemplar em múltiplos aspectos desportivos e organizacionais, neste aspecto creio que deverá reflectir cuidadosamente, aperfeiçoando o sistema de apuramento para o campeonato do mundo, o qual na minha opinião deve envolver todas as equipas interessadas em competir na prova, excepto a selecção do país que acolherá a prova (tal como acontece noutras modalidades). O que se diria se a tetra campeã do mundo de futebol – a Itália – se recusasse a enfrentar a Escócia, a Inglaterra ou a Irlanda no apuramento para o Mundial da modalidade?

Encontros mais regulares (para não dizer quase inéditos...) entre selecções como a Inglaterra ou a Irelanda com países da «segunda» e «terceira» divisão europeia seriam momentos de ampla divulgação nacional (nesses países menos envolvidos na modalidade) do Rugby, e oportunidades únicas para os jogadores disputarem jogos contra os melhores executantes do mundo. A prazo, estes jogos poderiam ajudar na aproximação do nível competitivo entre as selecções mais fortes e as selecções mais fracas, como acontece noutras modalidades.

Acontece que os calendários das grandes selecções são apertados, e até de dificil coordenação com as respectivas competições nacionais/internacionais de clubes. Aos jogos oficiais (VI Nations, Tri Nations, Super14, Heineken Cup, Chalenge Cup, Celtic League, Ligas nacionais, etc...) acrescem as partidas particulares (as famosas Tours de Verão e Outono), que valem milhões às Federações. Obrigar as equipas mais poderosas do Rugby mundial a realizar um percurso de qualificação para o Mundial acarretaria prejuízos que as respectivas federações não estão dispostas a suportar.

Continuarei a abordar este problema.

9 Comments:

At 11:38 da manhã, Blogger Rui Silva said...

Entretanto, ficámos a saber que Francisco Moreira se lesionou na zona da virilha durante um treino da selecção, pelo que não deverá ser opção para a digressão à América do Sul. É a primeira «baixa» azul ao serviço da selecção...

 
At 11:44 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Bom Artigo. Correccao:
"... cinco países mais fortes do continente, as chamadas «Home-Nations»."
As Home Nations sao so 4 (as do UK e Irlanda), julgo que devias estar a pensar na Franca, que nao e uma Home Nation....

 
At 11:58 da manhã, Blogger Rui Silva said...

É gralha! Vou já alterar! Obrigado pela correcção.

 
At 1:08 da tarde, Anonymous Anónimo said...

A lista de convocados foi feita já. Tal como Francisco Moreira, também Mata Pereira (motivos escolares/exames de época especial) e Lourenço Andrade (motivos profissionais) não farão parte na digressão. Por outro lado, Valter Jorge, João Mirra, David Mateus não se encontram nos trabalhos da selecção de XV por motivos próprios.

 
At 1:09 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Ou seja, serão 4 os jogadores azuis que farão parte na digressão à Argentina: Cristian Spachuk, Sebastião Cunha, João Uva, Diogo Mateus.

 
At 1:12 da tarde, Anonymous Anónimo said...

já agora podem informar a lista completa dos convocados? é q para variar o site da fpr não tem nenhuma imformação....
Sr Rui Vasco mtos parabéns plo trabalho desenvolvido

cumprimentos

 
At 1:28 da tarde, Anonymous Anónimo said...

meu caro anónimo. Até ao treino de Sábado o prof. tomás Morais não tinha a certeza se a federação lhe permitira a utilização de 23 ou de 26 jogadores nesta digressão. Como tal, avançou com uma lista de 23 jogadores, ficando 3 em stand-by. De qualquer forma, hoje á noite no treino estou certo de que serão confirmados os 23 ou 26 jogadores, e portanto responder-lhe-ei esta noite ou amanhã.

 
At 1:30 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Aproveito ainda para informar que os treinos da equipe sénior não começaram ontem (ao contrário do que se dizia). Segundo consta, ontem apenas houve reunião entre dirigentes e treinadores, ficando assim incerta a data de inicio dos treinos.

 
At 9:43 da tarde, Blogger Luis Lacerda said...

Como socio do Belenenses os sentimentos sao antagonicos, se por um lado me orgulha ver tantos atletas do nosso Clube servir as Seleccoes, por outro lado nao me esqueco que ja por varias vezes fomos prejudicados quer por lesoes no regresso das Seleccoes quer ate em jogos marcados em simultaneo com jogos das Seleccoes (Nacionais de XV ou Sevens). por isso tenho alguma dificuldade de concordar com tantos ao servico de Portugal.

Abracos

 

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