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domingo, setembro 17, 2006

Digressão termina com... derrota (20-14)

A selecção nacional perdeu esta noite o terceiro e último encontro de preparação, realizado no contexto da Digressão à Argentina/Uruguai. Desta feita, o chamado «XV do Presidente» cedeu perante a equipa nacional uruguaia por 20-14, apesar de ter estado em vantagem ao intervalo (5-7). Termina assim, sem glória nem grande prestígio para o Rugby luso, uma digressão que visou no fundamental preparar os jogos de Outubro/Novembro, frente às equipas da Itália e Rússia.

Os portugueses estiveram cerca de uma semana na América Latina, concentrados às ordens de Tomaz Morais e Daniel Hourcade. O treino terá sido, ao que tudo indica, duro, e a equipa técnica realizou algumas experiências, colocando em campo jogadores menos rodados no âmbito internacional... Ainda assim, nenhuma nação orgulhosa do seu Rugby - e a nossa até o é, pelo menos tendo em conta a forma como a FPR descreve o percurso recente dos «Lobos» - poderá orgulhar-se de alcançar três derrotas (uma delas pesadíssima) em três jogos disputados.

Pergunto-me se, a condição física eventualmente melhorada terá compensado o afastamento dos jogadores relativamente às suas famílias, os efeitos dos fusos horários, os prejuízos profissionais e académicos decorrentes de mais de uma semana fora de Portugal. Mais: pergunto-me se os resultados obtidos não contribuirão para uma quebra acentuada da confiança da equipa.

Recordemo-nos que Portugal realizou uma fase final do Torneio Europeu das Nações de fraca qualidade (ainda que na luta directa com os checos tenhamos levado a melhor) e que, no confronto directo com a Rússia na Taça IRB das Nações fomos vencidos de forma inequívoca. Os «Lobos» mostraram também grandes fragilidades perante a Geórgia (no jogo realizado no Leste Europeu), quando foram cilindrados por um pack que concentra jogadores rodados no campeonato francês e competições europeias de clubes.

A 5ª ronda de apuramento para o Mundial está à porta e Portugal tem dois duros encontros pela frente:

- O primeiro será disputado frente à Itália (fora), equipa que se encontra num nível competitivo muito superior ao da equipa portuguesa, e fazendo inclusivamente parte do Torneio das VI Nações (antigo «V Nations»). Os italianos, que também apresentam no seu XV jogadores nascidos noutras partes do mundo (Argentina e Nova Zelândia, fundamentalmente), quererão assegurar a posição 1 do apuramento europeu. A jogar fora, com muito público nas bancadas e contra uma equipa «de outro campeonato», os Lobos poucas hipóteses terão, pese embora seja conhecida a sua tendência para se transcenderem, em especial no capítulo defensivo.

- O segundo encontro será contra a Rússia, em Lisboa. Os russos visitaram-nos por duas vezes nos últimos meses, tendo empatado um encontro (num dia de muita chuva e com uma pequena ajuda do árbitro da partida...) e vencido outro (desta vez «sem espinhas»), pelo que importa não os menosprezar. Apostados em garantir a primeira presença de sempre num Mundial, os «gigantes» do Leste irão buscar «reforços» a França, onde actuam alguns jogadores do seu pack. Portugal terá naturalmente todas as hipóteses de vencer a Rússia e de manter intactas as esperanças de alcançar a qualificação... Mas para isso precisará de melhorar rapidamente o seu jogo ofensivo, não falhar placagens (como aconteceu nos anterior encontros com os russos) e apostar nos seus pontos fortes (uma linha de 3/4 imaginativa - quando bem servida pelos médios e avançados - e um espírito de sacrifício notável).

À FPR compete encher, nesta segunda jornada, o Estádio onde entender realizar o jogo. Creio que esta será mesmo a sua última chance de mostrar um bocadinho (apenas um bocadinho) de imaginação e competência no domínio do marketing, comunicação, imagem e captação de público.

No que diz respeito aos nossos rapazes que estiveram na Argentina e Uruguai, de acordo com o calendário da FPR, regressarão a casa para defrontar a 23/24 de Setembro a equipa inglesa de Cambridge. Nessa altura é provável que sejam reforçados por elementos «seleccionáveis» que, por razões diversas, ficaram retidos em Portugal e não participaram na Digressão sul-americana.

Creio que poderá ser um jogo importante para «levantar a cabeça»... É que, por muitas razões que se apontem para o insucesso mais recente, e por muitos saldos positivos que se façam do trabalho realizado, não há nada como uma vitória para reforçar (ou fazer regressar) a confiança naturalmente abalada na terra dos «Pumas», contra equipas secundárias (falamos de equipas provinciais e não nacionais, principais ou «A»).

A «hora H» aproxima-se e os olhos da (escassa) comunidade raguebista lusa estão postos nos bravos rapazes que vestem a camisola vermelha com as quinas ao peito. É tempo de unir esforços, de colocar de lado alguns egoísmos clubistas (contra mim falo...) e de proporcionar ao XV nacional todas as condições para estar ao seu melhor nível em Outubro/Novembro.

Balanços, análises e explicações serão necessariamente retiradas após a obtenção (ou não) da qualificação para o Mundial. Mas até lá... somos todos uma só voz a gritar «Portugal!».

8 Comments:

At 2:30 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Acho que o próximo jogo é contra o clube da Universidade de Oxford e não de Cambridge.

Por outro lado, a selecção provincial de Buenos Aires é capaz de vencer várias selecções da ENC. São eles os principais fornecedores da Argentina A.

Desculpe dizer-lhe mas acho que você é demasiado cáustico em relação à nossa selecção. Diz que é preciso por clubismos de parte, mas não escreve um post sobre a selecção sem que lá ponha meia dúzias de críticas.

 
At 5:30 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Nao - esta digressao talvez nao tenha corrido a 100%, mas sem margem de duvidas a malta nao regressou a Portugal sem "gloria" e muito menos com menos ". Nao nos vamos esquecer que tanto as equipas argentinas como a Uruguaia estam em comecaram o seu campeonato a algum tempo. Ao contrario de Portugal que ainda nao comecou (comeca na proxima semana). Tambem, perder com Rosario por 10 pontos nao e vergonha nenhuma (o Uruguai perdeu por mais este ano). Los aguilas, bem apenas sao a melhor equipa provincial argentina, e dizer mais para que. Perder com o Uruguai por 6 pontos no Uruguai e muito bom. Nao nos vamos esquecer que o Uruguai anda ja algum tempo a treinar para o jogo com os USA, e que ate ao momento nunca tinha ganho a portugal no uruguai por menos de 30 pontos. por isso muitos parabens a todos
Sera que podiamos ter ganho? Claro que sim, mas nao aconteceu e ha que levantar a cabeca e concentrarem-se nos proximos jogos. Esses sim a contarem.
Sobre se valeu a pena perder trabalho na escola, no emprego para ir nesta digressao? Caro Vasco, isso e algo que jogadores de rugby nao veem como um esforco. Ir representar a seleccao sera sempre uma ambicao e um orgulho.
abraco
Miguel

 
At 12:20 da tarde, Blogger Rui Silva said...

Caro Duarte

Obrigado pelo seu comentário e pela sua sinceridade. Não levo nada a mal que todos digam o que pensam, mas reservo-me no direito de «responder».

Ora, diz o Duarte que eu não escrevo um post sobre a selecção sem meter lá meia-dúzia de críticas. Permita-me corrigi-lo: os bravos rapazes da nossa selecção, e os competentes técnicos que a dirigem, não me merecem críticas, e muitas vezes o blog RUGBY AZUL (suspenso, por hora) escreveu sobre a selecção de forma elogiosa.

As critícas são dirigidas à FPR e aos seus responsáveis, cuja capacidade é colocada em causa desde logo pelos jogadores. Recorda-se das declarações do Joaquim Ferreira (o mais internacional jogador do XV nacional) ao site da FPR?

O que me parece é que no Rugby se convive muito mal com a crítica, mesmo quando ele é evidentemente justificada. Vou repetir algo que escrevo neste post que agora comentamos, e que se dirige directamente à FPR: «À FPR compete encher, nesta segunda jornada, o Estádio onde entender realizar o jogo. Creio que esta será mesmo a sua última chance de mostrar um bocadinho (apenas um bocadinho) de imaginação e competência no domínio do marketing, comunicação, imagem e captação de público.».

Escrevo-o dois meses antes do jogo... a ver vamos o que será feito até lá!

Sobre os clubismos, que assumo (sou belenense e mais nada!), devo dizer-lhe que se ler este blog com abertura de espírito terá de reconhecer que também ele já foi veículo de críticas à direcção e secção azul. Basta ler os seguintes textos:

http://belenenses15.blogspot.com/2006/09/belenenses-visita-cdul_16.html

http://belenenses15.blogspot.com/2006/09/assembleia-geral.html
(ver comentários)

http://belenenses15.blogspot.com/2006/09/rugby-azul-no-87-aniversrio-dos.html

Desculpe-me a franqueza, mas creio que lê os meus textos com algum preconceito... interrogo-me acerca da tal meia-dúzia de críticas que permanentemente lanço à equipa nacional... onde estão?

Agora, no que diz respeito à FPR... meu amigo: enquanto não fizerem as coisas como deve ser, terão de levar comigo. Ou então passo a escrever aqui apenas e tão só acerca do Belém. O Blog diz asism como cabeçalho: «ESPAÇO DEDICADO AO RUGBY DO CLUBE DE FUTEBOL «OS BELENENSES».

Creio que, a bem do Rugby, temos alargado o âmbito do mesmo... E ainda bem.

Miguel,

Recordo-te apenas que há pouco mais de 2 meses quase vencemos a Argentina A.

É claro que há factores a ter em conta na análise da digressão, e este post não pretende fazer a análise de algo em que não estive envolvido. Não fui à Argentina, não falei com ninguém que lá tenha estado e limito-me a ler o que se escreve na imprensa estrangeira (já que o site da FPR é uma vergonha e nem sequer as fichas de jogo publica).

Desculpa mas não consigo ver onde está a glória nesta digressão. Bem sei que o seu objectivo foi preparar uma possível glória futura (o apuramento para o Mundial), mas se não consegues ver pontos negativos nesta viagem à América do Sul, então fazemos uma análise bem distinta do que por lá se passou.

Sobre os jogos que estão à porta... a minha opinião é mesmo estão: Itália é missão (quase) impossível, Rússia é tarefa espinhosa.

Um abraço aos dois
Rui Vasco

 
At 12:37 da tarde, Blogger Rui Silva said...

Já agora, e para que não fiquemos com o exclusivo da fama de «má vontade» contra a FPR, leiam este texto em:

http://mafiaverdissima.blogspot.com/2006/09/fpr-brilhante-mais-uma-vez.html

Tenho um amigo que diz que a melhor forma de abrir os olhos é levando um valente murro! Pois bem, descontada a violência da expressão (que é simbólica e não literal), as críticas devem ser lidas como formas de ajudar a FPR a progredir. E neste caso - no da comunicação, por exemplo - não é progredir. É começar do início... È que está quase TUDO por fazer.

A excelente iniciativa da newsletter via e-mail deveria de conhecer continuidade noutras iniciativas, outras formas imaginativas de chegar às pessoas, ESPECIALMENTE AQUELES QUE NUNCA JOGARAM RUGBY.

Infelizmente, a «comunidade Rugby» parece estar completamente fechada à mundança, e confortável com o grupo fechado que, ao longo dos anos constituí-o.

 
At 7:35 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Caro Rui Vasco,

No que respeita às críticas dirigidas à Federação a propósito do vergonhoso site que eles "mantêm" (e aquilo é "mantido" por uma empresa que, certamente, é paga...!!!), concordo totalmente com o que tem sido escrito neste blog. Aliás, proponho que o nome da empresa seja tornado público para que outros potenciais clientes saibam o que podem esperar deles.

Quanto ao péssimo trabalho da FPR na promoção/divulgação dos jogos da nossa selecção, idem. E tb aqui não merecem perdão: o IRB deu-lhes a Nations Cup e eles fizeram o que fizeram em termos de promoção.

Mas porquê criticar (implicitamente) a realização de uma digressão à Argentina e Uruguai, se temos jogos importantíssimos à porta e a nossa época ainda nem sequer começou?

Claro que a digressão não foi feita nas condições ideais, mas foi melhor que nada. Quanto aos resultados, não eram o mais importante, mas, por acaso, o resultado contra o Uruguai nem foi mau (a repescagem para o Mundial, na qual podemos vir a estar envolvidos, joga-se em 2 mãos; se formos jogar contra eles nessa rep. e voltarmos a perder lá por 6 pontos...)

Qt a "meia dúzias de críticas por post" estava a contar com as críticas implícitas mas, mesmo assim, era uma expressão que não era para ser levada à letra.

Referia-me, por exemplo, a comentários sobre convocatórias para a selecção em que a vossa grande preocupação parece ser (passe o exagero) que os jogadores de Belém se lesionem e depois não possam jogar pelo clube. Mas isso não é um risco que qq atleta em qq modalidade corre ao ser chamado a representar Portugal?
Essa vossa preocupação às vezes parece quase um protesto. Eu sei que o pessoal doutros clubes procede da mesma forma, mas eu também os critico por isso.

Ainda bem que o vosso blog trata de todo o râguebi e não apenas do râguebi do vosso clube! É um serviço que prestam ao râguebi nacional. Parabéns e continuem!

 
At 10:09 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Já agora, alguém sabe onde se pode encontrar a equipe que alinhou contra o Uruguai no passado sábado. Gostaria de ver a ficha técnica do jogo, que era para confirmar se os 3 luso-argentinos afinal sempre estão ou mão de volta à selecção. Obrigado.

 
At 11:01 da tarde, Blogger Rui Silva said...

Duarte,

É verdade que muitas vezes escrevo tomado pelo fervor belenense. Sou clubista e até acrescento: falta clubismo ao Rugby. Veja por exemplo a sondagem feita no site da Guiness Premiership, e qual a primeira razão apontada pelos adeptos para o acompanhamento do Rugby de clubes...

O assunto que refere é muito importante e tem merecido, como sabe, muitos textos por aqui. Defendo sobre o tema as seguintes perspectivas:

- Que a FPR deveria dar maior importância ao Rugby de clubes, pois é nas competições nacionais e internacionais (de clubes) que os atletas ganham maior ritmo, melhor condição física, maior confiança. É também nos clubes que eles passam a maior parte do seu tempo, e por isso apenas valorizando a Divisão de Honra teremos atletas masis bem preparados;

- Não crítico uma digressão... longe de mim. Apenas questiono a sua eficácia. E isso creio que é legítimo. Um exemplo: se o Rui Cordeiro não joga pela Académica durante o ano, é numa digressão à Argentina e alguns jogos internacionais que vai ganhar ritmo?

- A convivência clubes/selecção é complexa, e de facto há algumas coisas que me deixam perplexo. Mas não protesto pelo facto do Belém contribuir com atletas para a selecção. MUITO PELO CONTRÁRIO. Sabia que não há mais nenhuma modalidade no nosso clube que tenha a honra de ver um jogador seu ser capitão de uma selecção?

(a propósito, porque é que após o regresso do João Uva não lhe foi restituída a condição de capitão?)

- A questão das lesões ao serviço da selecção não é comparável ao que acontece noutras modalidades. Eu sou novato nestas coisas do Rugby, mas o Duarte saberá MUITO melhor do que eu que a taxa de lesões de um jogador de Rugby é muitíssimo superior à de um futebolista ou andebolista. Ainda assim, se um jogador se lesiona... não há nada a fazer! São as consequências e circunstância da modalidade, das suas características e do jogo.

Creio estar a entrar, também eu, mais no espírito do Rugby, e a compreender algumas coisas que há alguns meses me faziam muita confusão. Esta questão da selecção é uma delas. E pode não parecer, mas hoje vejo-a com outros olhos.

Um abraço e vá aparecendo!
Rui Vasco

 
At 11:06 da tarde, Blogger Rui Silva said...

Quanto à ficha de jogo, está no site da Federação Uruguaia:

PORTUGAL

1. Rui Cordeiro
2. Marcelo Vargas
3. Joaquim Ferreira
4. Marcelo d'Orey
5. Gonçalo Uva
6. Diogo Coutinho
7. Eduardo Acosta
8. Vasco Uva (c)
9. Zé Pinto
10. Pedro Cabral
11. Pedro Carvalho
12. Diogo Mateus
13. Federico Sousa
14. Antonio Aguilar
15. Pedro Leal

CAMBIOS
Sebastiao Cunha x d'Orey, Adérito Esteves x Aguilar, Gustavo Duarte x Ferreira, Tiago Girao x Acosta, Joao Diogo Mota x Mateus, Miguel Portela x Sousa, Filipe Saldanha x Carvalho, Christian Spatchuk x Cordeiro, Nuno Taful x Vargas y Joao Uva x Coutinho.

Ou seja, dos luso-argentinos apenas o Juan Murré não entrou... não sei se por lesão ou falta de condição física.

 

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