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sexta-feira, abril 20, 2007

Perfil azul (1): Michel Cruz

O Blog Belenenses XV inicia a publicação de uma série de artigos dedicados a figuras do Rugby do Belenenses (jogadores, técnicos e dirigentes). A publicação destes «PERFIS» não obedece a nenhuma ordem especial. Nem cronológica, nem de importância dos percursos retractados.

A inaugurar esta série optei por publicar aquele que foi o primeiro texto redigido, relativo a uma figura que muitos sócios do Belenenses desconhecem mas que se revela uma peça fundamental da estrutura técnica das escolas de Rugby do Belenenses, pela sua disponibilidade, amor ao Clube e ao Rugby: Michel Cruz.

O Michel é actual treinador dos escalões de Infantis e Juvenis.

Outros textos e outras figuras se seguirão.

Eis o primeiro dos «PERFIS»:

MICHEL CRUZ
(Texto escrito na temporada 2005/2006)



Nascido em 1979, em Aix-les-Bains, na região do sudeste gaulês (junto aos Alpes), Michel Cruz iniciou-se no Rugby com 6 anos no clube local, o F.C. Aix-Les-Bains. A sua posição nas camadas juvenis deste emblema da região da Savoie foi a de «2º centro» (n.º13), mas mais tarde veio a fixar-se no pack avançado, alinhando como talonador e como 3ª linha. Integrou a selecção juvenil da Savoie e foi eleito, na época 1994/1995 (quando era ainda juvenil de 1º ano), um dos 150 melhores jovens valores de França.

Transferiu-se para o Grenoble, emblema de maior dimensão, onde actuava ao lado de outro jogador português (Daniel Correia), e em 1998 foi chamado pela FPR para a selecção nacional junior que disputou a série B do Campeonato do Mundo.

Nessa mesma equipa, actuavam jogadores que viriam mais tarde a ser seus colegas no Belenenses: João Uva (actual capitão azul e da selecção nacional de XV), Francisco Moreira, Manuel Ferrão (falecido no ano passado) e Bernardo Cabral.

No Mundial de 98, Michel alinhou em duas partidas (vitórias sobre a Espanha e o Paraguai), mas ficou afastado da final (derrota com a Geórgia por 7-25) devido a uma lesão do pescoço.

A 5 de Outubro de 1998, com 19 anos, faz a sua estreia pelos seniores do Belenenses e deixa para trás a sua França natal. Filho de pais portugueses mas nascido em terras gaulesas (tendo por isso dupla nacionalidade), Michel não falava português e chegava a um país desconhecido sozinho, sendo acolhido no «Lar» do clube, que passou desde então a partilhar com jovens jogadores do futebol azul.

Apesar da barreira linguística, e em simultâneo com a sua participação na equipa senior do clube, Michel foi desde logo chamado a treinar as camadas jovens, tendo-se sagrado campeão nacional com a equipa de iniciados logo em 1998/1999. O seu percurso como técnico dos escalões de formação do Belenenses encontra-se aliás recheado de títulos, incluindo três vitórias consecutivas do nacional de iniciados e, já este ano, as vitórias na Taça e Supertaça, com a equipa de juvenis (a qual comandou em parceria com Anibal Miranda - «Balhó» - após a saída de Albertino Minhoto da equipa junior, e posterior passagem de João Miranda para o escalão referido).

Pelas suas mãos passaram jogadores que representaram (ou representam actualmente) a equipa senior do Belenenses, alguns dos quais com vários internacionalizações ao nível da selecção de XV e Sevens. Alguns exemplos são Sebastião Cunha, Diogo Pinheiro, Pedro Silva (ex-Belenenses), Vasco Gaspar (ex-Belenenses), Gonçalo Lucena e Francisco Nogueira.

Na temporada 1999/2000, no jogo de apresentação da equipa frente ao CDUL, lesiona-se com gravidade no tornozelo (ruptura de ligamentos) e inicia um «longo calvário» de dois anos, durante o qual se manteve ligado ao Belenenses, treinando jovens jogadores dos escalões de formação e a equipa feminina, entretanto extinta.

Depois de operado, Michel regressou aos relvados e em 2003/2004 alinhou na vitória do Belenenses sobre o CDUP na Supertaça disputada em Montemor-o-Novo (45-12), com a camisola n.º19, na posição de flanqueador do lado aberto (vulgo n.º7). Apesar do excelente início de temporada (13 vitórias em 14 jogos da fase regular), o Belenenses não se sagrou campeão, e Michel via-se novamente afastado dos relvados após mais uma lesão grave (ruptura do ligamente interior do joelho).

A espera pela operação ao joelho arrastou-se e apenas recentemente conseguiu ser sujeito à cirurgia que lhe poderá ainda valer o regresso à equipa senior do Belenenses, o seu maior desejo.

Enquanto não veste novamente a camisola azul de jogador, Michel vive para o Belenenses, na qualidade de técnico de Rugby e na função de responsável pelo «Lar de atletas do clube», situado dentro do Complexo Desportivo do Restelo, onde vive desde 1998 e o qual partilha com jovens atletas ao serviço dos azuis.

No Lar, Michel acompanha os «miúdos» que chegam a Lisboa em busca do sonho de jogar futebol profissional. Interrogado acerca daquilo que na prática exige (ou não) aos seus companheiros de residência responde que lhe compete verificar o cumprimento dos horários, acompanhar a disciplina nos estudos e zelar pela arrumação e bom comportamento de todos... No fundo, o mesmo que exige aos seus jogadores de Rugby.

A sua concepção do Rugby é baseada no fair-play e no princípio segundo o qual «a escola vem sempre primeiro». Jogadores com notas negativas pagam caro a sua falta de empenho na escola, ficando de fora nos jogos e... correndo quilómetros durante o ano de treinos. Simultaneamente, partilha com os jovens jogadores uma visão da modalidade fundada na lealdade para com os colegas e o adversário, não admitindo por isso «jogo sujo» nem um estilo violento de encarar o contacto físico natural no jogo.

«A uma primeira agressão o jogador deve responder com um sorriso, à segunda também e à terceira... aconselho uma placagem positiva», afirma. No fundo é essa a essência da modalidade: respeitar o jogo e o adversário, lutando de forma empenhada - mas nunca batoteira - pela vitória.

Fala dos seus rapazes com orgulho, e confessa que estuda todos os dias para se manter atualizado. De França recebe documentação de forma regular, tentando implementar nos treinos e jogos os modelos e conselhos da «Escola» em que se formou, a francesa.

A propósito de França, recorda com um sorriso episódios vividos, como um jogo de sub-21 frente à equipa do Bourgoin, fora de portas. O XV de Grenoble foi recebido pelos apoiantes adversários com apupos e até cuspidelas. Em campo o jogo foi duro e dele ainda guarda cicatrizes em pouco por todo o corpo. Da conversa fica também a ideia de que Michel sente que poderia ter ido mais longe na modalidade quando fala dos encontros que disputou contra jogadores como Rémy Martin, 3ª linha dos «Blues» gauleses e da equipa do Stade Français...

Não se arrepende todavia de ter um dia pegado numa bola oval, até porque o Rugby acabou por mudar a sua vida, formando-o como homem. É do jogo e dos seus ensinamentos que diz ter retirado a sua perseverança e uma atitude de permanente busca de novos horizontes. «Olhos postos no futuro»!

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1 Comments:

At 10:59 da tarde, Blogger Unknown said...

Michel Cruz , é o melhor treinador de rugby que se encontra no Belenenses . Acima de tudo Michel é um amigo secalhar é o aspecto mais importante que um treinador deve ter ,é por isso que o admiro tanto . Quero agradecer por tudo o que michel me ensinou tanto no rugby mas acima de tudo na vida . obrigado António "danone" Cruz

 

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