Uma «guerra» com prejuízo para todos...

Lamento regressar ao tema e desiludir os leitores mais assíduos do BELENENSES XV, mas para nós, belenenses, a conflitualidade latente entre futebol e todas as outras modalidades voltou a agudizar-se com a descida de divisão da equipa principal de futebol (a 7 de Maio passado), entretanto corrigida pela justiça desportiva, no âmbito do mais que conhecido «Caso Mateus».

Trata-se de uma guerra que não faz sentido, nem deve ser alimentada. Ainda assim, há uma expressão bem lusitana que diz que «quem não se sente não é filho de boa gente», e uma outra expressão avisa que por vezes é preciso «meter os pontos nos i's».

Um blog belenense que leio com frequência - quase totalmente dedicado ao futebol, como é natural e nada criticável - chama a atenção dos sócios azuis para uma entrevista concedida pelo técnico do futebol Jorge Jesus ao diário A BOLA (a 26 de Agosto), onde o actual responsável pelo plantel azul «aponta o dedo aos dirigentes das 27 amadoras que têm a mania de opinar sobre tudo e nada com interferência no futebol».

Sinceramente não li a notícia. Estava de férias e as minhas leituras eram outras, bem mais interessantes e produtivas. Mas fazendo fé no resumo publicado pelo «Canto Azul ao Sul», Jorge Jesus cai num erro tantas vezes apontado a outros técnicos, mas que desta vez - por corresponder ao ponto de vista de muitos - é antes aplaudido. Um funcionário do clube fala abertamente de assuntos que, do meu ponto de vista, não lhe dizem respeito, e lança farpas às outras modalidades do clube, cuja realidade deve desconhecer em absoluto.

Não sei quais são os dirigentes das 27 modalidades que insistem em opinar sobre o futebol. Se o fazem, acho muito bem! Eu não sou dirigente de nenhuma e tamnbém o faço com frequência. Mesmo confessando que o futebol é uma modalidade desportiva que não me entusiasma «por aí além». Outra coisa é quererem interferir nas decisões. E aí sim, será criticável... mas não por um funcionário do clube. Não é essa a sua função, não são essas as suas competências nem é essa a sua legitimidade.

A Jorge Jesus paga-se para que ponha a equipa a jogar bem e a ganhar. Tal como no Rugby se paga aos técnicos para que coloquem a equipa a jogar bem e a ganhar títulos, o que até tem acontecido com uma frequência maior do que no futebol (infelizmemnte, e para enorme tristeza dee todos nós, belenenses).

E já que falamos em Rugby - o assunto fundamental deste blog - pergunto: qual foi o dirigente da secção que interferiu no futebol? Ou, alargando o âmbito da pergunta, qual foi o sócio directamente ligado ao Rugby que, sem legitimidade, tentou interferir junto da SAD?

Ontem, no Belenenses-Setúbal, que a equipa azul venceu e bem por 2-0, vi muita gente do Rugby. Vi a malta do Andebol a vencer t-shirts. Vi o pessoal do Futsal e vi gente do Basquetebol. Vi rapazes do Pólo-Aquático e muitos, muitos sócios que - «amando» o futebol do clube - não têm das outras modalidades a visão que pelos vistos Jorge Jesus tem e (pior que isso) divulga publicamente.

A hora é de unir... e não dividir. Jorge Jesus aprenderá isso muito rapidamente no Restelo, até porque por lá já passou há uns anos valentes, como jogador. Um Belenenses forte precisa de um futebol forte. Mas mais do que isso, precisa de um clube unido, sem divisões nem dedos apontados entre as «quintas» (leia-se secções) por tantos criticados. Não estará Jorge Jesus a, também ele, criar uma «quinta»?

Já agora, quando teremos o prazer de ver os jogadores de Futebol retribuir a «visita» aos atletas das outras modalidades que ontem os aplaudiram no Restelo, num dia de festa para as gentes belenenses?

Nota: A intenção deste texto não é, naturalmente, criticar Jorge Jesus. Tenho-o como um bom técnico. O Belém começou bem e espera-se que assim continue. Eu estarei sempre no Restelo a apoiar o futebol, mesmo que (repito) não seja uma modalidade que me entusiasme muito... Trata-se apenas de afirmar algo que deveria ser lógico para todos: as tais 27 modalidades existem, e não é por sua culpa que o futebol do clube não tem tido sucesso. Muito pelo contrário. É tempo de unir os belenenses, sejam eles mais ligados a «esta» ou «aquela» modalidade. O clube só terá a ganhar, independentemente do seu futuro e do futuro dessas mesmas modalidades.