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quarta-feira, setembro 06, 2006

Árbitros precisam-se…

Este título é o título de uma entrevista antiga de Emílio Mata Pereira à ”Rugby Magazine”. Data de 95 e a realidade não mudou passados 11 anos.

Problemas apontados por EMP:

- “Renovação dos quadros”
- “Falta de juízes que em quantidade quer em qualidade”
- “Urge uma renovação célere”
- “Corremos o risco de em 3/4 anos não termos árbitros de qualidade”
- “Precisa de sangue novo … novos valores”
- “A FPR devia obrigar os clubes a darem nomes para a arbitragem”
- “Temos que aumentar a quantidade de pessoas envolvidas, para que daí surja a qualidade”
- “É preciso cativar pessoas para irem aos cursos, e é necessário que os clubes acarinhem os árbitros … o árbitro tem que ser encarado como uma pessoa que ajuda o jogo e não como um inimigo dos trinta jogadores”
- “Perdeu-se o espírito das terceiras partes, o «gozo» do convívio”
- “há necessidade de … renovar, quer queiramos quer não, os melhores jogos envolvem quase sempre as mesmas equipas. Há que alternar para que não se crie uma saturação entre árbitros e jogadores”
- “O árbitro dentro das quatro linhas deve passar despercebido”

Pergunto-me se esta entrevista não podia ter sido dada hoje, à hora de almoço, pelo Mourinha ou pelo Quitério?

O tempo passa os problemas persistem... Agora vejam:



«O que seria de uma publicação sobre Rugby que não abordasse aqueles de quem se fala quando tudo corre mal… o árbitro!

Mas a abordagem pode ser surpreendente. Estamos cansados de lamentações, de queixas, de falta de dinheiro, condições, formação, voluntários, mas há algo que não deve nem pode faltas: RESPEITO.

Desde logo, respeito dos intervenientes. Diríamos que no panorama actual não é difícil afirmar que são os jogadores e até alguns treinadores, aqueles que hoje mais respeito têm pelos árbitros em Portugal. Cabe às novas gerações fomentar esta cultura.
Mas daqui para a frente, o panorama não é animador. Não vamos abordar, por falte de espaço, a postura deliberadamente agressiva, insultuosa de alguns treinadores, mas veja-se o que se passa nas bancadas: Quem conhece as leis do jogo? Quem sabe quantas leis tem o jogo? Não deviam as vozes grosas deste país por a mão na consciência e pensar nas “alarvidades” que espalham por aí? Respeitem pelo menos todos os outros (crianças incluídas) que querem aprender alguma coisa de Rugby neste país.

E começamos pelo que devia ser o princípio: a Federação e eles próprios: os árbitros. Se cabe à instituição reguladora da modalidade, a formação, integração, formação e recrutamento de árbitros, ninguém sabe ou todos tentam esquecer. É que a política sobre a arbitragem é pelo menos confusa e trabalho objectivo com ou sem colaboração dos ditos, quem viu?

Fica uma palavra de alento para os árbitros deste país (os que restam). Só com trabalho, esforço e dedicação ao jogo será possível alterar a imagem que todos teimam em ter sobre a “classe”. Será possível?

Acreditem…»

Este foi um artigo publicado pelo João Mourinha na revista ÁREA DE ENSAIO #0.
Mais palavras para quê?

8 Comments:

At 11:11 da tarde, Blogger Afonso Nogueira said...

Desculpem lá andar a bater na mesma tecla, mas este é um problema enorme no rugby português.

 
At 12:36 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Primeiro gostaria de dar os parabens ao Rui vasco e ao Afonso Nogeuira pelo blog. Finalmente um local onde podemos debater ideias acerca do rugby no nosso clube e tambem do panorama nacional.

A convocatoria apresentada num comentário anónimo corresponde efectivamente à feita pelo treinador Tomás para a digressão à Argentina.

No entanto não concordo quendo dizem os amigos do costume visto que todos aqueles nomeados merecem a convocatória. De facto, a convocatória foi feita baseada nos jogadores disponiveis, pois jogadores aptos que ficaram de fora desta não houve NENHUM. Refiro-me a jogadores que efectivamente têm participado (desde Agosto) nos treinos da selecção, e desses, os que estão ausentes da digressão apresentaram justicação atempadamente, devido às mais variadas circunstâncias: estudos (meu caso), trabalhos (Paulo Murinello, Lourenço Andrade), lesões (Francisco Moreira, Salvador Palha). Portanto a equipe que se desloca à Argentina foi efectivamente escolhida não só com base na qualidade mas igualmente na disponibilidade. Deseja-se assim os melhores resultados pa nossa selecção.

 
At 12:39 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Apenas gostaria de rectificar que o árbitro referido chama-se Emílio e não Emídio. Pode parecer algo indiferente mas a verdade é que a pessoa em questão é meu Pai.

Obrigado e continuação de bom trabalho.

 
At 10:11 da manhã, Blogger Rui Silva said...

Bom dia a todos.

Caro Mata Pereira,

Sobre o nome do seu pai, já está alterado. Obrigado pela rectificação!

No que diz respeito à convocatória, direi o seguinte: não sou especialista na matéria e a maior parte dos jogadores apenas os conheço pelo que vejo aos fins-de-semana, nos jogos. Creio que a convocatória padece do tal problema - disponibilidade de alguns jogadores, como é o seu caso - e não dúvido que os outros tenham capacidade para representar a selecção.

É o preço a pagar por não termos jogadores profissionais em Portugal. Por outro lado, creio que os próprios jogadores não querem profissionalizar-se, com algumas excepções.

Faço votos para que esta época lhe corra pelo menos tão bem como a do ano passado (para mim foi o melhor jogador do Belenenses, no que diz respeito a regularidade e eficácia no jogo).

Um abraço e obrigado pelo elogio ao Blog! Viva o Belenenses.

 
At 10:15 da manhã, Blogger Rui Silva said...

Entretanto, chamo a atenção para a entrevista hoje publicada no jornal O JOGO - um exemplo único ao nível do acompanhamento do Rugby nacional, na comunicação social.

Mais tarde publicaremos também aqui no Blog a notícia, na integra.

 
At 11:00 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Caro Rui Vasco,

Como de costume, é o seu/vosso blogue que nos vai mantendo a par. considero o site da FPR para lá de ridículo no que toca aos seniores. Quando se procura uma visibilidade maior, "sponsorização" e o fomentar de "adeptos"(essa espécie quase inexistente no Rugby Luso) é inexplicável como não se acompanha uma campanha destas da Selecção com fotos diárias, historias do quotidiano, entrevistas, pequenos filmes.. enfim... é tão fácil!

Obrigado, como sempre. Vou Ja comprar o jogo.

Sobre a selecção, concordo com o que disse Mata Pereira. Não considero nada serem os "amigos do costume". Tal como na selecção de futebol, os resultados chegaram quando tomás morais criou "o clube portugal", um grupo coeso, que se conhece, que trabalha junto... uma equipa afinal!!

Uma palavra de parabéns ao Belém pela quantidade de jogadores que leva. Todos merecidos!! E uma palavra de parabéns ao muito jovem Nuno Taful, do Técnico, cuja "repescagem" me parece muito merecida, penso que poderá estar entre o "lote" dos "primeiros pros", saibamos aproveitar (como a outros)

 
At 11:57 da manhã, Blogger Rui Silva said...

Sobre o texto do Mourinha, tenho a dizer o seguinte: um árbitro deve sempre merecer o respeito de todos. Jogadores, técnicos, dirigentes, público e colegas seus. Por outro lado, deve estar preparado para as incidências do jogo, e deixar de se refugiar nas falhas alheias para justificar a sua potencial falta de capacidade.

O que eu quero dizer com isto é que um árbitro não pode reagir como o Barros na final da Taça de 2004/2005, quando interrompeu o jogo para «dialogar» com a bancada. Ele tem de estar preparado para ser desrespeitado e até ofendido.

Um árbitro tem de estar preparado para ser pressionado, como acontece tantas vezes. O Vasil Tarbita (creio que é assim o seu nome) foi alvo das maiores barbaridades na Sobreda, sempre que passava pelo banco do Benfica. Chamavam-lhe tudo. Davam-lhe indicações. Ora, um árbitro não pode ter medo da pressão.

Por outro lado, é necessário dizer o seguinte: o conselho de arbitragem deve ter bom senso na nomeação dos árbitros para os jogos... A nomeação do Nuno Coelho para a meia-final (Agronomia-Belenenses) foi um erro tremendo, que prejudicou o jogo mas sobre o próprio árbitro, que se viu fragilizado em campo.

Pergunta o Mourinha se o público sabe quantas leis tem o jogo... Eu pergunto-me muitas vezes se os próprios árbitros as sabem... Não é o caso do Mourinha, que é um exemplo (veja-se a sua forma física, postura e acompanhamento do jogo, sempre em cima)... Mas a maioria dos árbitros não aguentam o ritmo do jogo. Não aquecem antes do jogo. Não se preparam fisicamente para a temporada desportiva.

Não são profissionais, e fazem até o favor de prestar tempo seu ao Rugby... Tal como os jogadores, técnicos, dirigentes e o (pouco) público.

Não vale a pena arranjar bodes expiatórios. Os árbitros não são culpados de tudo, mas devem fazer uma auto-análise.

Pela minha parte serei candidato a formando no próximo curso de arbitragem.

 
At 12:33 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Caro Rui Vasco,

A sua candidatura a árbitro é uma excelente ideia e uma forma de ficar ligado à modalidade de uma forma mais "activa". Parabéns!

Quanto aos exemplos dados, são muito pertinentes. Mourinha é um jovem exigente consigo próprio. Que procura a excelência e se sacrifica. Não é "o melhor do mundo", mas sem dúvida que se todos estivessem no seu nível (e com uma margem de progressão ainda muito grande), a realidade seria outra.

Já Nuno Coelho, que também refere, é uma piada. Pior do que ser nomeado para a meia-final é o próprio aceitar a nomeação quando a sua auto-crítica deveria dizer "não, ainda nao tenho nível". Isso sim seria de louvar. O oposto (que se verificou) só mostrou o que todos os jogadores já sabem. Um árbitro fraco no conhecimento, mas muito vaidoso, que procura muito protagonismo apesar das suas deficiências técnicas. Nuno Coelho tem registo de falhas graves como "liner", na divisão de honra, quando mais como juiz principal.

Sem querer crucificar ninguem (é ao próprio, como a qualquer jogador, que cabe sair da medíocridade para a excelência.. e está muito a tempo), é verdade que tem que haver mais RIGOR, talvez mais contrapartidas motivadoras, mas também mais crédito aos que são bons e que se esforçam.

Veja-se o triste caso do Ferdinando Sousa, criticado por muitos mas que - como o mourinha - procurava a sua própria melhoria.. e que abandonou a Arbitragem por "estar farto".

Esperamos pelo seu contributo!!

 

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