David Penalva: algumas notas
Tenho pelo Professor Tomaz Morais grande admiração e estima. Sempre que falou comigo fê-lo com extrema educação, não se recusando a receber na sua casa desportiva (o Estádio Nacional) um rapazola que nem sequer tem um percurso no Rugby. Ao contrário de outros - que com fraquíssimo currículo já me atiraram esse facto à cara - Tomaz Morais não vê a minha proveniência (extra Rugby) como um problema, mas como uma oportunidade para compreender melhor a visão de quem vê, por fora, o que cá dentro se vai passando.
È certo que cada vez estou mais envolvido, e que isso me vai roubando distanciamento. Neste momento já estou a colaborar activamente com o Rugby do Clube de Futebol «Os Belenenses» - emblema de que sou associado desde que nasci - e esse simples facto inclui-me nesta pequeníssima comunidade oval lusa, constituída por pessoas com as mais diversas visões acerca da modalidade e do seu desevolvimento. No fundo, essa é uma riqueza (de opiniões) que temos de valorizar, a aproveitar para tomar medidas.
Dito isto - para que se perceba que este texto não tem de forma NENHUMA como destinatário o seleccionador nacional - passarei a exprimir de forma sintética a minha opinião acerca da utilização do David Penalva na equipa nacional de XV.
Legenda: Penalva em acção, contra a Ucrânia (TEN 2006, Estádio da Amoreira).
É sabido que David Penalva foi convocado para os últimos compromissos da selecção nacional, e que recusou os mesmos. É um direito que lhe assiste. Trata-se de um jogador semi-profissional, que joga Rugby para ganhar dinheiro. Foi aliás com essa motivação que se transferiu para o Belenenses no final de 2005/2006, aproveitando o problema criado à equipa do Restelo depois da lesão (grave) de João Uva, num treino da selecção nacional.
Poderemos concordar ou não com a opção de Penalva... Mas temos de concordar que recusar a convocatória é uma opção que o jogador pode tomar, desde que viva posteriormente com as consequências dessa atitude.
O problema é que, depois de ameaçado pela IRB (com suspensão de jogos no campeonato francês em que alinha), Penalva viu-se obrigado a tirar parte das suas férias de Natal, pedir dispensa ao seu clube (que creio ser o Blagnac) e... vir fazer o frete a Portugal.
Chegou, treinou na semana antes do embate com a Geórgia e... retirou o lugar a atletas que vinham integrando - com sacrifício pessoal e «clubístico» - os trabalhos da equipa. Refiro-me a Manuel Mata Pereira, Sebastião da Cunha e Francisco Fragateiro (não sei se me esqueci de alguém).
Tomaz Morais optou por fazê-lo entrar na fase final do jogo, e Penalva respondeu da pior forma: um adiantado e duas faltas seguidas. Pelo meio, um «tete-a-tete» com um jogador do pack da Geórgia, ao bom estilo das competições nacionais gaulesas. Rugby... nenhum!
Não sei o que terá passado pela cabeça de Penalva. Não sei se entrou mal no jogo, se não estava fisica e tacticamente preparado para alinhar, se estava contrariado e o demonstrou em campo. Mas sei que um jogador assim não pode alinhar num jogo desta importância. Falta-lhe a vontade, o espírito, o amor à camisola. Coisas que Penalva demonstrou durante o Torneio Europeu das Nações (trata-se de um jogador muito lutador e útil, quando se empenha no jogo) mas que colocou absolutamente de lado nesta fase do campeonato.
Considero estranho! Afinal, ir ao Mundial poderá ser o ponto alto da sua carreira, de primeiro plano em Portugal (é internacional, caramba!) mas de segundíssimo plano em França. Porquê optar pelo Blagnac em detrimento da equipa nacional? Gonçalo Uva e Diogo Mateus, integrados em clubes de muito maior dimensão não o fizeram.
Seguem-se Marrocos e Uruguai. Estou convicto de que passaremos. Portugal tem talento, equipa, vontade e treinador para conseguir o apuramento. Agora, creio que apenas o conseguirá se formar um balneário coeso, sem sentimentos de injustiça e falta de coerência na hora de decidir quem fica e quem cai.
Para mim, e tendo em conta o que se passou nos últimos meses, Penalva não tem lugar no nosso XV. Não possui qualidades imprescindíveis como o espírito de missão, o empenho e a capacidade de sacrificar a sua vida pessoal em prol da selecção, sem ameaças nem obrigações.
Resta saber o que pensam os responsáveis da FPR: dirigentes, manager e equipa técnica nacional.
Seja como for, força Portugal! Estamos todos com a equipa. Até aqueles que, de forma directa, tão injustiçados foram pela decisão tomada na semana passada...
Nota:
Em dois jogos disputados no último fim-de-semana apercebi-me de duas lesões aparentemente graves, em dois jogos disputados: Juan Severino, no jogo da selecção, e um elemento (creio que dos 3/4's) do Técnico, numa jogada na sua área de 22. Aos dois desejo rápida recuperação. A comunidade do Rugby é, em Portugal, tão pequena que qualquer lesão, qualquer «baixa» é sentida por todos.
3 Comments:
Então, ao Filipe Luis, cuja dor era evidente, o meu desejo de melhoras.
Caro Rui, ficaria muito agradecido se de alguma conseguisse publicar aqui no blog os horários das transmissões Sport TV dos jogos da Selecção no torneio. Grande abraço!
concordo totalmente com a opiniao acerca do penalva.uma vergonha!
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