O presidente de Agronomia, Amado da Silva, escreveu na sua habitual crónica (agora publicada no renovado site do clube) uma série de pertinentes observações acerca do futuro do Rugby de clubes em Portugal. A sua preocupação, como a minha aliás, respeita à principal prova de Rugby de clubes disputada em Portugal.
Amado da Silva pergunta – e bem – se « Estarão os clubes disponíveis para se unirem em torno de um projecto comum com, ou sem, o desejável apoio da FPR, que certamente estará absorta com o Mundial?».
A FPR já mostrou que não é capaz de dinamizar a Divisão de Honra. Não é capaz de valorizar a prova no contexto nacional, não sabe para que serve o modelo implementado, não sente necessidade de a dar a conhecer à esmagadora maioria dos portugueses, que apenas agora começam a olhar – timidamente – para o panorama nacional do Rugby.
A Divisão de Honra parece ser, para a FPR, uma coisa para entreter, entre jogos internacionais.
Como é óbvio, os clubes têm uma palavra a dizer sobre esta quetsão, até porque são eles os associados desta Federação. A Federação será sempre aquilo que os clubes quiserem, e se calhar está na hora dos clubes exercerem esse poder decisivo sobre uma Federação que, atacada por todos os lados, parece fechar-se sobre si mesma, olhando apenas para o lado festivo do Rugby e para uma selecção nacional de XV que nos vai dando motivos de orgulho.
«Não há tempo a perder», diz o presidente agrónomo. E tem toda a razão. É que tempo perdido é coisa que não falta nesta tão mal tratada modalidade.
É de facto preciso resolver os mais urgentes problemas do Rugby de clubes:
- A relação com os media;
- A sensível questão da arbitragem;
- O modelo competitivo (que deve ser adequado à nossa realidade, em vez de se implementar um modelo que apenas nas provas mais profissionais do mundo parece encontrar sentido);
- A relação selecção/clubes.
Eu acrescento uma bandeira que me é cara, e acerca da qual venho falando à meses, quase ininterruptamente: a questão da abertura do Rugby ao exterior, trazendo mais público ao Rugby, popularizando esta modalidade ainda tão elitista.
Depois penso que há outras questões de grande importância, como a dos campos (na maior parte dos casos sem condições), por exemplo. Trabalho é o que não falta.
O clube da Tapada tomou a iniciativa de colocar estas questões em cima da mesa, e vai convocar os outros emblemas para as discutir, tendo em vista uma plataforma comum de entendimento.
Pessoalmente tenho pena que o Belém não tenha avançado antes pelo mesmo caminho. Resta-nos, belenenses, participar activamente neste processo, abrindo em conjunto com os principais clubes nacionais da modalidade novos horizontes ao Rugby de clubes luso.
A FPR que se ponha a pau. É que noutras modalidades, problemas semelhantes conduziram os clubes a soluções de ruptura com as respectivas Federações.
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