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terça-feira, outubro 17, 2006

O Rugby e a violência (parte 1)

Tenho falado com várias pessoas sobre o assunto, e as opiniões - embora não sejam totalmente coincidentes - convergem numa ideia central: o Rugby juvenil (dos iniciados aos juniores) é em muitos casos bem mais violento (e a expressão «violento» é aqui usada no seu pior sentido) que o Rugby senior.

Se por um lado há questões técnicas que podem explicar algumas situações de carga ilegal e violência sobre o adversário (placagens altas e perigosas, por exemplo, que podem resultar um gestos técnicos mal executados), noutros casos o jogo violento é propositado e tem como exclusiva intenção agredir e magoar o jogador contrário.

Não é raro ouvir-se nas (despidas) bancadas de jogos dos escalões de formação incentivos à violência gratuíta, entre jogadores, entre técnicos e jogadores e... pasme-se: entre público e jogadores!

Os árbitros, muitos deles sem o completo domínio das leis básicas do jogo, acabam por deixar passar muitas destas situações, não agindo de forma preventiva. Pessoalmente creio que, se um juiz ouve uma ameaça mais forte ou um incentivo vindo do banco ou de um colega de equipa para o resto do seu XV, deve actuar imediatamente, falando com o jogador/técnico em causa ou, na pior das hipóteses, aplicar-lhe um cartão amarelo.

Acontece que em alguns casos o cartão parece ter ficado no balneário.

Parto do princípio que o árbitro não quer «estragar» o jogo, colocando uma equipa em inferioridade numérica (princípio errado, pois os juvenis já jogam Rugby de XV e devem-se habituar desde cedo a lidar com situações de inferioridade/superioridade numérica, bem como às consequências dos seus actos!...). Pois bem, realize-se antes do jogo uma pequena reunião de 5 minutos com TODOS os jogadores que estão inscritos na ficha de jogo (mais os técnicos, dirigentes e fisioterapeutas), alertando-os para as situações intoleráveis. A responsabilidade do jogo estragado passa para «o lado de lá».

Depois existem as responsabilidades:

- Dos próprios jogadores;
- Dos técnicos e dirigentes;
- Dos pais/encarregados de educação.

No que aos próprios diz respeito, nada a fazer a não ser disciplinar e exigir auto-disciplina. No Rugby a verbalização deve servir apenas para comunicar com os colegas de equipa. Falem... falem muitos mas entre vocês, rapazes. Ah, e falem sobre o jogo, não sobre a melhor forma de agredir o adversário sem o árbitro ver (como já ouvi).

Aos técnicos exige-se uma postura mais calma no banco (jogos entre miúdos não justificam o «calor» que tantas vezes se faz sentir nos respectivos bancos, e que é quase sempre contagiante...). Exige-se a substituição de um jogador agressor (mesmo que o árbitro não tenha visto). Exige-se a punição de conductas incorrectas, nomeadamente através de umas mini-férias da competição, não obstante a importância do(s) jogador(es) para o desempenho desportivo da equipa.

Aos pais exige-se que cumpram o papel de educadores. Há quem o faça, há quem pelo contrário incentive o filho (e respectivos colegas) a recorrer ao jogo ilegal. Nada mais errado: meus senhores, nem todos os miúdos vão chegar a seniores, à selecção, a equipas de lutam pelo título... Mas todos eles estão permanentemente a ser educados e «temperados» no Rugby. Tudo o que de bom e de mau aprendem no campo vai marcá-los durante a sua vida. É tempo de perceber isto, de uma vez por todas.

3 Comments:

At 11:12 da manhã, Blogger Afonso Nogueira said...

Bom dia Rui,

Concordo pleno contigo, discordo apenas num ponto (possivelmente até concordas comigo):

«Exige-se a punição de conductas incorrectas, nomeadamente através de umas mini-férias da competição...» penso q estes jogadores podem ser convidados a apitar uns jogos do escalão abaixo, seria uma punição mais educativa/formativa.

Abraço

 
At 12:00 da tarde, Blogger Rui Silva said...

Sim concordo contigo. Ser árbitro ajuda a ganhar respeito pela função... Mas a questão que aqui trato não é falta de respeito pelo árbitro... É falta de respeito pelo jogo e pelo adversário.

Repito: concordo contigo, mas continuo a defender que um jogador que agrida um adversário seja forçado a assistir a 1 ou 2 jogos da bancada, nem que seja o melhor jogador do mundo no seu escalão...

Aquele abraço
RV

 
At 12:39 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Viva, em primeiro lugar gostava de dar os parabéns pelo espectacular blog.

No que respeita a este assunto, concordo em absoluto com voçês, ainda por cima quando nos escalões de formação se ve nos convivios os espectadores que não "sabem nada sobre o assunto" a mandar bitaites aos árbitros/treinadores. Isso já aconteceu comigo, entao eu volto-me para o srº e pergunto-lhe se dejava vir apitar e ofereci-lhe o apito...

Neste fim de semana na final da Super Taça observei ua atitude que em nada dignifica o rugby... Jovens adeptos da agronomia (identificados com camisolas) a apupar o jogadores do GDD enquanto estes recebiam a Taça. Será isto o espirito do Rugby???

Um caso a pensar...

 

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