Carta ao Provedor do Telespectador
A RTP tem vindo a anunciar, com grande insistência, a nomeação de provedores do telespectador e do ouvinte (de rádio), serviço ao dispôr do cidadão anónimo e pagador dos impostos que alimentam, em larga medida, os canais que todos os dias emitem horas e horas de programação.
Ora, como estes serviços são mesmo para usar, e como não basta lamentarmos o mal que nos rodeia (é preciso actuar!), resolvi apresentar ao provedor do telespectador, Dr.Paquete de Oliveira, as minhas preocupações relativamente aos critérios para a transmissão de eventos desportivos via canais do serviço público de televisão.
Legenda: A transmissão de jogos dos «Lobos» contrasta com a ausência de jogos de clubes na TV. Porquê?
A carta já foi enviada, via site da RTP, mas como não prometi sigílo a ninguém aqui fica, para conhecimento de todos e, quem sabe, incentivo a que outros amantes do Rugby (ou de outras modalidades quase ignoradas) se dirijam a quem está lá para representar cada um de nós!
Eis a minha crítica:
Exmo. Senhor Provedor,
O assunto que me leva a contactá-lo prende-se com os critérios de transmissão de eventos desportivos nos dois canais públicos emitidos em sinal aberto (RTP1 e 2:) e com o meu desagrado, como telespectador, relativamente ao desiquilibrio no peso/tempo/importância atribuído a diferentes modalidades desportivas.
Os programas específicos de desporto têm evoluído nos últimos tempos, e seria injusto dizer que a RTP só se interessa pelo futebol. Mas é certo nem todas as modalidades apresentam semelhante peso na programação, nalguns casos de forma incompreensível.
Sabia o sr.Provedor que Portugal se sagrou campeão europeu de Rugby de Sete? Este facto não mereceu qualquer destaque na programação da TV pública, ao contrário do que aconteceu com resultado menos significativos, noutras modalidades mais mediáticas.
Apesar da transmissão de alguns jogos da selecção de Rugby de XV e de uma série de 8 episódios do magazine «Área de Ensaio», a 2: ignorou quase por completo o Rugby nacional de clubes, facto de dificulta a vida aos emblemas que tentam, em Portugal, formar mais e melhores jogadores. Aos patrocinadores, que rareiam numa modalidade como o Rugby, a transmissão de um jogo da sua equipa valerá uma época de apoios, o que significa mais dinheiro para formação, criação de infraestruturas e desenvolvimento da modalidade. Não para a contratação de estrelas estrangeiras.
Peço-lhe por isso que, através dos meios que tem ao seu dispôr, sensibilize o serviço público de televisão para a necessidade de dar maior visibilidade às competições nacionais das modalidades colectivas amadoras, como o Rugby. É que sem «mediatismo» não há apoios, sem apoios não há desenvolvimento e sem desenvolvimento... ouviremos esse mesmo serviço público lamentar a ausência de bons resultados nas competições internacionais disputados por Portugal.
Melhores cumprimentos
Rui Vasco Silva
Almada
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home