(In)compatibilidades: o exemplo inglês
É certo que comparar o caso português ao que se passa em Inglaterra, na Argentina ou na Nova Zelândia, onde a relação entre clubes/federação/jogadores anda a dar que falar é de certa forma colocar num mesmo patamar universos diferentes, dimensões (ainda) incomparáveis... Ainda assim, creio que observar o que se passa «lá fora» no pode ajudar a arrumar a casa, e a melhorar o (muito) que há para melhorar no mundo lusitano.
As notícias têm-se sucedido: na Nova Zelândia, onde o Rugby é a modalidade n.º1, a Federação nacional revê a sua relação (em especial no plano financeiro) com os jogadores que alinham pelos All-Blacks; na Argentina a coisa está bem pior: mais de quatro dezenas de jogadores tomaram posição pública contra a UAR e houve ameaça de greve; em Inglaterra, os clubes uniram-se contra a RFU, devido à utilização das estrelas da equipa da rosa nos internacionais de Novembro, quando a Guiness Premiership está a decorrer.
Aparentemente, nada disto tem relação com Portugal e com o seu modesto mundo do Rugby. Mas bem vistas as coisas... até é capaz de ter. Tomemos como exemplo o diferendo entre a RFU e os clubes (organizados na chamada Premier Rugby Limited (PRL), organização corporativa constituída pelos 12 clubes de topo da Rugbu Union inglesa).
O caso: a RFU, que tem realizado um mega-investimento na melhoria do velhinho Twickenham, vai realizar a 5 de Novembro a inauguração do chamado «South Stand», e os ingleses recebem em Londres a Nova Zelândia, com os lucros da operação a serem já avaliados em 5 milhões de libras (dos quais 1 milhão será directamente colocado no bolso dos All-Blacks...). A RFU, que ainda para mais quer preparar uma equipa decente para o mundial de 2007, irá requisitar aos clubes as suas estrelas, procurando construir um grupo forte, capaz de se bater contra um conjunto (quase) imbatível. Os clubes, que no mesmo fim-de-semana têm compromissos internos, acreditam ter o direito de reter os atletas (procurando até evitar lesões que possam acontecer durante o «test-match»).
Ora, a PRL insurgiu-se contra a pretensão da RFU e o caso seguiu para os tribunais, por sua própria iniciativa...
O problema (para os clubes) é que, com base num acordo entre as partes firmado em 2001, o juiz Mackie QC deu razão à RFU, e as estrelas dos Wasps, Harlequins, Sharks, Newcastle e companhia vão mesmo jogar contra os All-Blacks. A PRL contestou as razões do juiz, mas a decisão está tomada, pese embora haja sempre a hipótese de apresentarem recurso.
A RFU considera agora compensar os clubes afectados com um «rebuçado»: 1 milhão de libras. E prometeu que nenhum jogador será chamado para os 4 jogos do Outono, sendo que apenas em dois jogos (Nova Zelândia e Austrália) a RFU chamará os habituais titulares da equipa inglesa.
Desagradada com esta promessa da RFU surge agora uma terceira entidade, o canal televisivo Sky Sports, que detém os direitos de transmissão dos jogos programados para Novembro. Não se consegue mesmo agradar a todos.
O que tem isto a ver com Portugal? É assunto para abordar num artigo que aqui será publicado em breve... Mas tem tudo a ver com a necessidade de clubes e FPR escreverem e assinarem os termos para a cedência de jogadores internacionais durante os períodos de realização de provas nacionais, seja para a equipa dee XV, seja para a equipa de «Sevens».
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