Rugby Feminino - parte II
Vem este meu texto na sequência do artigo aqui publicado pelo Afonso Nogueira, que me pareceu apontar não apenas uma questão importante, mas também argumentos de peso para o ressurgimento do Rugby feminino no Belenenses.
Pessoalmente, e com o meu crescente amor por esta modalidade, acho uma ideia fantástica. Mas conhecendo o Belenenses como já conheço, acredito que vá encontrar muitas resistências da parte de muitos sectores do clube. Até dos sócios. Passo a explicar:
O Belenenses é na sua génese um clube de futebol, pese embora poucos anos após a sua fundação já nele se praticassem outras modalidades, como o Rugby e o Pólo-Aquático, que é actualmente a única modalidade colectiva do clube que compete numa 1ª Divisão feminina (depois há a Natação, o Triatlo, etc... mas são casos diferentes). O futebol conhece, no coração dos belenenses, um lugar de eleição, o que na minha perspectiva não é anormal nem sequer criticável. Pelo contrário. Pessoalmente, o futebol não é a minha modalidade preferida. Mas isso não me impede de perceber, aceitar e defender que seja a prioridade do clube. Por variadíssimas razões.
O clube vive uma situação financeira complexa, com vários sectores a apontar a extinção de muitas modalidades amadoras (algumas são apenas «ditas» amadoras) como uma forma de reduzir os colossais custos de funcionamento da máquina azul. A última modalidade a surgir em Belém - o Futsal - enraizou-se (até pelos bons resultados), mas o clube debate-se com problemas graves, e o incremento do ecletismo deixou de ser uma prioridade.
Alguns consócios defendem um ecletismo mais inteligente, e com essa perspectiva estou de acordo. Tenho contudo mais dificuldade em definir esse conceito e sobretudo discriminar modalidades entre as que devem continuar e as que são para acabar (pelo menos ao nível senior profissional/semi-profissional).
O Rugby vive - aparentemente - longe destas discussões. Anos de autonomização levam a que seja uma das únicas modalidades (a par do Pentatlo) a apresentar saldo positivo nas contas do clube. Estou certo que, dentro do limitado orçamento da secção, uma solução financeira seria encontrada, por forma a tornar viável o ressurgimento de escalões femininos. Importa recordar que, para ter uma equipa senior feminina, é preciso fazer «escola».
Mas também é verdade que a autonomia do Rugby se esgota na gestão dos seus recursos financeiros e humanos. A modalidade vive dentro da casa do seu clube - no Complexo do Restelo - e tem de partilhar com a grande paixão dos Belenenses - o Futebol - os relvados existentes (e nomeadamente o n.º2).
A pergunta que me coloco a mim mesmo é a seguinte: tendo em conta todos os conflitos que existem na repartição de campos entre Futebol e Rugby, e tendo em conta que o ressurgimento da equipa feminina iria aumentar em pelo menos algumas dezenas o número de praticantes raguebistas azuis, haverá espaço no Restelo para mais equipas?
A solução poderia passar pela reconversão do «pelado» do Complexo num campo destinado apenas ao Rugby. Sobre o assunto escrevi no suspenso Blog Rugby Azul. Podem consultá-lo aqui.
Mas tal como o Afonso, considero que uma equipa feminina traria consigo mais aspectos positivos do que negativos. Para o Rugby português, para o Rugby Azul e para o Belenenses, como clube.
Nota:
Sobre o assunto aconselho a leitura do texto «Rugby Feminino» escrito pelo Paulo Murinello, no seu Blog «Rugby Ideias Soltas». Muito interessante.
3 Comments:
Embora muitas pessoas pensem que o rugby não é desporto para as raparigas, eu não concordo. Posso dizer que as coisas já comecam a ser levadas a serio por algumas jogadoras, e até pelos propios directores. Em coimbra mais propiamente a Escola agraria, o rugby feminino é lavado bastante a serio, basta repararmos o ano passodo a treinador campeao nacional pela academica Professor rui Carvoeira, foi convidado para estruturar todo o rugby feminino na escola agraria. As jogadoras cada vez mais levam as coisas a serio, tem vontade e muitas vibram com o rugby e respiram com ele.
julgo que a federaçao deveria levar mais a serio o rugby feminino, as provas nunca sao levadas a serio, com constante alteraçao de datas, com equipas a faltarem, arbitros as vezes nem existem, é bastante complicado quando as coisas querem ser levadas a serio.
Posso dizer que este ano as coisas ainda vao ser mais levadas a serio, ate foi criado um estatuto para as jogadoras propias da escola, com facilidades para efectuar exames, e acima de tudo chamar mais jogadoras.
Viva o rugby feminino! Viva Agraria!
Rodrigo
Obrigado pelo seu comentário, que revela bem o esforço organizativo e desportivo que a Agrária tem feito no domínio do Rugby feminino. Os resultado estão à vista... :o)
Sobre o ressurgimento do rugby feminino no Belenenses, creio que seria muito bom para o rugby feminino nacional, até porque se trata de um clube com projecção, tradição ao nível do Rugby nacional, e que poderia ajudar a aumentar a competitividade por um lado, e a visibilidade do sector feminino por outro.
As minhas dúvidas quanto à viabilidade de uma equipa feminina no Restelo são as que coloquei neste artigo...
Um abraço!
Rui Vasco Silva
O meu irmão joga rugby no Belenenses desde os seis anos. Sempre o acompanhei em jogos, deslocações, idas a Espanha e etc. Faz portanto treze anos que ando nestas andanças. A partir dos meus quê? hmm 9, 10 anos vá lá, a partir dos meus nove anos que sonhava vir a pertencer às Big Girls (equipa da qual era fã convicta e assumida) quando crecesse. E aí cresço e o que se passa? A equipe feminina do Belém já não existe. Lágrimas e desilusão.
Por amor à modalidade entro noutra casa, passo a pertencer a Agronomia. O meu coração outrora azul e branco é agora verde e branco (com um pequeno espaço para os juniores azuis) com muito orgulho meu. Se se tivesse pensado numa ressureição do feminino aí na minha fase de colheita, acreditem que a minha segunda casa seria agora ali ao pé da piscina do Belenenses, e não no alto da Tapada da Ajuda.
Torço por conseguirem levar esta ideia avante!
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