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sexta-feira, agosto 11, 2006

Uma Ordem de Trabalhos irreal...

Segundo o site oficial da FPR, uma AG extraordinária será realizada no próximo dia 28 de Agosto, para discussão de uma série de importantes assuntos ligados ao Rugby nacional. A AG terá sido, e também de acordo com a FPR, marcada a pedido de alguns clubes. A saber: GD Direito, AEIS Agronomia, SL Benfica, CF Belenenses e CDUL.

Da Ordem de Trabalhos, e citando a convocatória assinada pelo Dr.Vasco Lynce de Faria, presidente da Assembleia Geral, fazem parte os seguintes temas:

1 - Proposta de alteração dos Escalões Etários em conformidade com a FIRA/AER, e consequente revogação do nº. 1 do artº. 21º do RGC;

2 - Proposta de fixação em 31 de Dezembro de cada época desportiva a data limite para inscrição de jogadores seniores, portugueses, equiparados ou estrangeiros e consequente revogação das disposições contrárias em vigor;

3 - Proposta no sentido da entrada em vigor na presente época das deliberações tomadas nos pontos 1. e 2. da Ordem de Trabalhos, considerando-se, assim e naquelas matérias, suspensa a aplicação da última parte do nº. 1 do artº. 62º do RGC;

4 - Proposta de alteração da fórmula competitiva da Fase Final do Campeonato Nacional da Divisão de Honra – escalão seniores, com efeitos a partir da época 2007/2008:

a) – Relativamente à definição do Campeonato Nacional («Final Four» para os 4 primeiros da fase preliminar):

- A disputa continua a ser feita recorrendo ao sistema de meias-finais e final, só que haverá duas meias-finais entre cada uma das equipas que se classificaram para esta fase e não apenas uma, como nas épocas de 2005/2006 e 2006/2007, disputando-se os jogos da forma seguinte:

4º Classificado da Fase Preliminar vs 1º Classificado da Fase Preliminar e
3º Classificado da Fase Preliminar vs 2º Classificado da fase Preliminar
A primeira meia-final disputa-se nos campos dos 4º e 3º Classificados na Fase Preliminar;

b) – Relativamente à determinação da equipa que desce à Divisão inferior (1ª Divisão): Não haverá «Final Four», pelo que descerá a equipa classificada em último lugar na Fase Preliminar;

5 - Proposta de Alteração da fórmula competitiva da Taça de Portugal (TP), com efeitos a partir da época 2007/2008:

a) – A TP deixará de se disputar como se verificou nas épocas de 2005/2006 e 2006/2007, adoptando, até aos oitavos de final (altura em que entrarão em competição os clubes da Divisão de Honra), uma fórmula competitiva regionalizada – Norte, Centro e Sul, se houver clubes inscritos em número suficiente ou, em caso contrário, v.g. Norte/Centro e Sul -, competindo à FPR o ordenamento do nome dos clubes que disputarão, em cada fase regional, a série respectiva;

b) – Cada jornada será só composta por um encontro, já que os jogos serão sempre a eliminar;

c) – Todos os jogos de cada uma das fases serão disputados, com exclusão da Final, no terreno do clube que disputa a Divisão inferior, no Campeonato Nacional; no caso de os dois contendores disputarem a mesma divisão, será realizado um sorteio sob a égide da FPR.


Abordar todos estes interessantes temas num só texto é coisa que não farei. Mas algumas dúvidas, que já me assaltavam mesmo antes de tomar conhecimento desta AG extraordinária, intensificam-se.

A primeira diz respeito ao ponto 1. Não contesto que há uma necessidade que defino como imperiosa que normalizar escalões de acordo com aqueles que se praticam ao nível internacional. Mas a questão que levantei há alguns dias continua sem resposta. Eu repito: de que forma a alteração dos actuais escalões - nomeadamenta a divisão dos Bambis em Bambis e Super-Bambis -, pode ajudar na formação de melhores jogadores de 1ª linha, como afirma a FPR?

A segunda, e para ir por partes, diz respeito ao ponto 2: acho muitíssimo bem que situações como aquela que aconteceu no ano passado, com a Académica a inscrever jogadores à pressa para garantir a permanência, não se repita. Mas não deverão existir situações de excepção? E porquê 31 de Dezembro, quando a Divisão de Honra se inicia tão tarde?

A terceira, e respeitando a OT da AG, não é um bocadinho precipitado (para não dizer completamente descabido) tomar a decisão de implementar em Setembro decisões de 28 de Agosto, quando as equipas já têm as épocas planificadas e o quadro de treinadores definido?

A quarta (esta sim, poderia ser implementada já em 2006/2007...): já que existe tanto unanimismo em torno deste modelo de disputa do título nacional (com o qual não concordo, ganhe quem ganhar!), porque não aplicar antes um sistema já proposto pelo presidente da equipa de Agronomia, com meias finais e final em jeito de play-off «à melhor de 3 ou de 5»? Porquê manter essa aberração - que apenas os argumentos comerciais suportam - de decidir toda uma temporada em 80 minutos? Não estamos na Nova Zelândia, onde a final das competições nacionais valem milhões aos clubes, em transmissões televisivas. Nem sequer estamos em Inglaterra, onde todas as jornadas há Rugby na TV. Aqui, no que se refere aos clubes, há apenas abandono. Porque não remediar esse abandono com mais verdade desportiva?

E já agora, sobre a descida, afirmo que estou de acordo com o «automatismo» da mesma, ao fim da 14ª jornada da fase regular. Mas se faz sentido para quem desce, porque é que não faz sentido para quem vence a prova? Argumentos comerciais - e nunca desportivos! - novamente?

A quinta, e saltando as alterações regulamentares sobre a Taça de Portugal, pergunto: porque é que o tema «arbitragem», um dos mais actuais e importantes do Rugby luso, está de fora da AG? Até parece que está tudo bem nessa matéria...

Desculpem o tom e a agressividade, mas com franqueza há coisas que me deixam perplexo. A Ordem de Trabalho desta Assembleia é uma delas. E os seus aparentes objectivos - como aquele de implementar em 2006/2007 uma decisão tomada a 28 de Agosto de 2006 - são verdadeiramente inacreditáveis.