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terça-feira, setembro 12, 2006

E nós, Belenenses?

Quem costuma ler os textos que por aqui vou escrevendo sabe que não perco uma oportunidade para chamar a atenção dos responsáveis federativos relativamente ao triste panorama das competições de clubes em Portugal. Hoje, todavia, o meu alvo é interno, e por isso vou centrar-me nos responsáveis do Belenenses e naquilo que têm (ou não) feito pela divulgação da modalidade no contexto específico do clube.


Legenda: Belenenses-Académica de 2005/2006. As bancadas vazias são uma constante nas competições nacionais de Rugby. O Restelo não foge à regra.

O Rugby azul é um caso ímpar na orgânica belenense, gozando de uma autonomia conquistada ao longo dos anos. Essa autonomia permitiu ao Rugby desenvolver uma política desportiva e financeira própria, mas também resultou num crescente afastamento dos sócios relativamente às equipas azuis. Em traços gerais, este é o panorama com o qual o Rugby belenense convive.

A actual direcção encetou um caminho de reaproximação da secção ao clube, facto que já referi num outro artigo. Essa reaproximação não terá todavia impacto junto dos associados se ambas as partes - a direcção do clube e os responsáveis da secção - não concretizarem iniciativas concretas para trazer mais gente aos jogos e mais miúdos aos treinos (apesar da crescente falta de espaço...).

Tomemos como exemplo os jogos da equipa senior, disputados no relvado 2 do Complexo do Restelo. Em 2005/2006, e tirando o jogo da meia-final com o Benfica, quando não obstante o mau tempo cerca de 800 a 1000 pessoas terão estado presentes nas bancadas, a média de presentes terá rondado os 100/150 pessoas. Todos (ou quase todos) jogadores, ex-jogadores, familiares de jogadores e dirigentes das equipas envolvidas.

A secção não divulga os jogos, os quais muitas vezes são marcados «em cima da hora», e os associados não se sentem convocados, motivados e envolvidos no acompanhamento à equipa mais premiada da história azul: os seniores do Rugby. Ora, como a FPR também nada faz para valorizar a Divisão de Honra, juntam-se dois problemas (inoperância da FPR e falta de iniciativa da secção) que somados resultam num «problemão».

Depois... vem o problema clássico do Rugby em Portugal: trata-se de uma modalidade que nunca se enraizou verdadeiramente no nosso país e cujas complexas leis tornam mais difícil a compreensão do jogo por parte daqueles que nunca praticaram a modalidade.

A secção terá de actuar, se quiser atriar mais gente às bancadas, concretizando medidas práticas e eficazes. A primeira de todas é sair da «toca», e dizer aos sócios azuis que todos são bem vindos nos jogos de Rugby... Depois terá de divulgar de forma mais eficaz os sucessos desportivos que, felizmente, têm sido obtidos pelas equipas do clube. Os sócios azuis orgulham-se das suas equipas vencedoras, e o Rugby tem produzido equipas que vão contribuindo para encher a sala de troféus.

Simultaneamente, há uma série de iniciativas que podem ser facilmente concretizadas. Não é preciso inventar nada - apesar de muita coisa estar por «inventar» -, basta observar o que se faz lá fora (não basta copiar modelos competitivos, importa sobretudo replicar formas de desenvolver a modalidade e de a dar a conhecer!) e também o que se faz dentro do próprio Belenenses, noutras modalidades.

O futebol é um mau exemplo... Aliás, as fraquíssimas assistências dos jogos da equipa principal são a prova de que o trabalho nessa importante área do clube está (quase) todo por fazer. Mas existem boas práticas cuja aplicação ao Rugby pode e deve ser equacionada. Observe-se por exemplo as iniciativas da se secção de Futsal, que mesmo cobrando bilhetes (o que não acontece no Rugby) consegue atrair público através do sorteio de bolas e camisolas autografadas. Ou os programas de jogo (uma tradição do Rugby em vários óutros países) da secção de basquetebol...

Olhemos, com olhos de «aprender», para a iniciativa da secção de andebol, que aproveitando o jogo de futebol do passado domingo aproveitou para divulgar a modalidade, com uma banca a vender materiais próprios. Marcaram presença, cativaram sócios e... provavelmente ganharam mais jovens praticantes!

No Rugby do Belenenses - no Rugby nacional, diria eu - a divulgação está TODA por fazer. Cruzar os braços e esperar que a FPR faça o trabalho que é suposto fazer... é inútil! Sejamos nós, belenenses, a valorizar as competições que disputamos, e as equipas que construímos! Porque os nossos rapazes merecem, o clube também... e os sócios, depois de devidamente motivados, apaixonar-se-ão pelo mais colectivo e honesto jogo do actual contexto desportivo.

4 Comments:

At 11:16 da manhã, Blogger Rui Silva said...

Creio que o raciocínio que aqui desenvolvo relativamente ao Belenenses é aplicável aos restantes clubes nacionais de Rugby... Se ficarem de braços cruzados à espera da FPR para divulgar a DH... Esperem, mas sentados, para não cansar as pernas.

Os clubes têm de tomar este tipo de trabalho nas suas mãos.

Senão...

 
At 11:18 da manhã, Blogger Rui Silva said...

Ah, apenas gostaria de acrescentar que, ainda assim, a secção de Rugby do Belenenses desenvolve anualmente uma iniciativa de «portas abertas» a todos que é... o ponto máximo de divulgação da modalidade em termos nacionais, arriscar-me-ia a afirmar: o Torneio ded Rugby juvenil, realizado em pleno relvado público de Belém (antigo «campo da FNAT»), perante o olhar de milhares de pessoas que frequentam, ao fim-de-semana, aquela zona histórica da cidade de Lisboa.

 
At 1:43 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Sei que uma das promessas do Didio de Aguiar, aquando das famosas e polemicas eleicoes para a FPR, foi de tentar criar condicoes para que quando a equipa senior jogue, no mesmo dia e campo joguem as equipas de Juvenis e Juniores. Assim, por exemplo teriamos o direito vs belenenses em seniores, juniores e juvenis o que nao so pouparia custos de organizacao mas teria mais gente a ver os jogos. Nao sei como e que isso ficou.
Tanto na Australia como aqui na Escocia os campeonatos nacionais sao assim dispotados, o dia comeca as 9 da manha com jogos dos mais miudos e acaba com o jogo da equipa pprincipal. Assim, passa-se um dia de rugby com pessoas e jogos. Talvez resultasse em portugal tambem!

 
At 2:29 da tarde, Blogger Rui Silva said...

Pois é, caro Miguel. A promessa caiu em saco roto. Aliás, lembro-me de esta temporada ter estado no Restelo a assistir a um jogo importante da equipa senior (Benfica, se não estou em erro), enquanto os juvenis disputavam no Estádio Nacional a final da Taça, com o Técnico.

 

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