:: Belenenses XV ::: A «atribuição causal»* no Rugby

quinta-feira, novembro 02, 2006

A «atribuição causal»* no Rugby

Quando se ganha ou perde é natural que, colectiva e individualmente, os atletas se questionem acerca dos «porquês» (ou seja, das causas) do sucesso ou insucesso. Este processo de questionamente – individual, sobretudo – tem em psicologia (simplificando um pouco esta curta introdução) o nome de «atribuição causal».

É importante perceber a que causa(s) atribuem os jogadores de Rugby o seu sucesso e/ou insucesso.



Se determinado jogador atribui o seu insucesso a factores exclusivamente externos (de forma regular ou constante), como...

- O mau estado do campo
- As condições metereológicas adversas
- Um mau desempenho do árbitro
- Mau desempenho dos colegas de equipa
- Má estratégia deleneada pela equipa técnica
- etc...

... então estamos perante alguém que não tem dentro de si os recursos necessários para efectuar uma auto-avaliação do seu próprio desempenho, o que pode conduzir a uma estagnação da sua evolução enquanto atleta individualmente considerado e enquanto membro de uma equipa.

Se por outro lado, determinado jogador se atribui a si próprio (de forma regular ou constante) toda a responsabilidade do insucesso, então estamos perante um caso que pode evoluir rapidamente para quadros de desmotivação extrema, descrença nas próprias capacidades, isolamento face ao grupo, falta de confiança nas decisões que tem de tomar dentro (e fora!) de campo, com impacto ao nível do trabalho individual e do desempenho colectivo.

Existem também situações de atribuição causal desajustada quando nos referimos ao sucesso.

Assim, aqueles que se atribuem a si mesmo peso desajustado no sucesso individual e/ou colectivo acabam por enveredar pelo caminho do «vedetismo», da auto-promoção e/ou afirmação individual exagerada junto do grupo. Existem diversos casos destes no Rugby português, o que prejudica seriamente o desenvolvimento desses mesmos jogadores dentro e fora do campo.

No reverso da medalha, também não é saudável um jogador anular ou diluir completamente o seu sucesso individual dentro do sucesso colectivo, uma vez que é importante para o atleta individualmente considerado ter objectivos precisos no que diz respeito ao seu desempenho pessoal (ex. ser mais veloz, adquirir maior e mais adequada capacidade física, ser chamado à selecção nacional, ser capitão da selecção – distinguindo-se pelo bom comportamento e atitude dentro e fora de campo –, etc.).

Como em tudo na vida, o atleta deve procurar o equilíbrio e sobretudo a maior honestidade possível na sua auto-avaliação e na avaliação do colectivo, não se diminuindo nem se empulando exageradamente. A avaliação individual e de grupo é aliás um exercício que poderá ser regularmente realizado – em situação de treino ou de jogo – já que ele ajuda cada um dos membros da equipa a raciocinar de forma mais completa no momento – inevitável, natural e necessário – de atribuir causas às incidências do dia a dia.

Os técnicos e a equipa de apoio aos plantéis (administrativos, directores técnicos e fisioterapeutas/médicos) devem também eles participar desses exercícios de grupo, contribuindo com a sua visão «externa» (ainda que eles próprios sejam parte da equipa!) e com novos elementos de avaliação, muitas vezes «invisíveis» para aqueles que estão em campo. O objectivo é procurar equilibrar e dar maior realismo à análise causal realizada pelos jogadores, evitando quadros «epidémicos» de desmotivação, fracturas no grupo, excesso de confiança, pensamento circular (ou seja, centração absoluta do raciocínio em partes específicas de um contexto mais vasto), etc...

Este exercício colectivo é importante a todos os níveis: da alta competição às escolinhas, dos seniores aos bambis. Mas é especialmente importante nas faixas etárias em que a taxa de desistência de jogadores é mais alta, muitas vezes devido a uma percepção errada no domínio da atribuição causal.

Voltaremos a temas do campo da psicologia, de tempos a tempos, como já fizemos antes, no contexto específico do Belenenses, com propostas a pôr em prática nas diversas modalidades do clube. E agradecemos o contributo de todos sobre cada um dos temas a abordar, na óptica do Rugby, claro.

Nota:

* O processo pelo qual as pessoas usam várias tipos de informação para realizar inferências acerca das causas de determinados comportamentos ou acontecimentos.

3 Comments:

At 5:26 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Mas é isso que se passa em algum escalão do Belenenses?

abraços

miguel cunha

 
At 5:41 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Boas.
Acabei agora de ver um programa no sic radical chamado curto-circuito e estavam a divulgar uma modalidade chamada corfball (acho que é assim que se escreve) que tem cerca de 200 atletas.
Não seria uma boa ideia entrar em contacto com o programa para lá levar alguns atletas da selecção ou do belenenses?O target do programa é o publico jovem e tem muitos milhares de espectadores, podia ser que assim o rugby desperta-se o interesse aos jovens(mais ainda)...
Penso que não será dificil levar alguns atletas.Fica a sugestão.

 
At 5:41 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Boas.
Acabei agora de ver um programa no sic radical chamado curto-circuito e estavam a divulgar uma modalidade chamada corfball (acho que é assim que se escreve) que tem cerca de 200 atletas.
Não seria uma boa ideia entrar em contacto com o programa para lá levar alguns atletas da selecção ou do belenenses?O target do programa é o publico jovem e tem muitos milhares de espectadores, podia ser que assim o rugby desperta-se o interesse aos jovens(mais ainda)...
Penso que não será dificil levar alguns atletas.Fica a sugestão.

 

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