Eleições I: E as «modalidades», senhores?
O tema «modalidades» (as quais nunca incluem o futebol, como se esta modalidade desportiva não fosse isso mesmo, uma modalidade) é um dos grandes «tabus» do momento eleitoral Belenense. Os candidatos tendem a fugir dele como «o diabo à Cruz».
A razão para esta dificuldade em lidar com o tema reside na ideia (errada) de que um candidato com ideias para modalidades com o Andebol, o Rugby ou o Triatlo é incompetente em matéria de futebol. Mais: há mesmo quem pense que apenas um candidato que não eleja as «modalidades» como o seu alvo (a abater) preferido... não serve.
Este é o tempo dos chavões 1000 vezes repetidos: a autonomia das secções (com a qual estou parcialmente de acordo), os estudos e as avaliações de resultados, o hipotético consumo exagerado de verbas por parte de algumas secções (o qual até existe, na minha opinião!)...
O problema é que raramente os candidatos saem dos chavões, protegendo-se da fama de «adeptos das modalidades», por oposição ao trunfo eleitoral que é serem «homens do futebol».
Como sócio do Belenenses, sinto-me desiludido com a ausência deste tema no debate eleitoral. Desiludido mas não surpreendido, tal o grau de idolatria a que chega o tal estatuto de «homem do futebol».
Pessoalmente, jamais votarei num «homem do futebol» para a presidência do clube de que sou sócio há 29 anos. O meu voto irá sempre para o candidato que tiver o perfil mais próximo de pessoa do desporto e de verdadeiro belenense (no sentido em que eu percebo essa magnífica condição de ser belenense). E é dentro deste perfil de homem do desporto que valorizo uma especial (e especializada) sensibilidade para os assuntos da modalidade n.º1 do Belém, que é naturalmente o futebol.
No que às «modalidades» diz respeito, lamento que não sejam abordados (muito provavelmente nem sequer são conhecidos...) os problemas do Rugby, com destaque para a questão da falta de campo. Não perceberão os candidatos à presidência do clube que a resolução deste problema pode simultaneamente facilitar a gestão dos relvados do complexo, entregando-os em exclusivo ao futebol?
A um mês das eleições é com desilusão que assisto a uma campanha marcada pelo discurso negativo, com ausência de propostas concretas e concretizáveis no período de um mandato...
Se vou votar ou não é coisa para decidir mais lá para a frente... mas a vontade não é muita.
Nota 1:
É justíssimo reconhecer o trabalho realizado por esta direcção, que cessa funções, na reaproximação entre o Belenenses e o Rugby do Belenenses. Merece especial e honrosa menção o vice-presidente Miguel Barreiros, um apaixonado pelo Rugby (e muito mais ainda pelo Belém), que desenvolveu um trabalho notável (e muitas vezes injustamente incompreendido) que muitos frutos poderá dar no futuro.
Que as críticas do texto aos actuais 3 candidatos não apaguem o trabalho realizado nos últimos dois anos, sob pena de estarmos a cometer um enorme erro de avaliação.
Nota 2:
A expressão «homem da bola» aparece aqui no sentido de dirigente carreirista, sem experiência de jogo mas com muitas horas de gabinete... Homens da bola, com H grande, são aqueles que deram muito ao jogo jogado, e dos quais temos excelentes exemplos no Belenenses.
Etiquetas: Eleições
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