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quinta-feira, abril 05, 2007

Onde andou esta atitude?

O Belenenses perdeu esta noite na Tapada da Ajuda, casa da Agronomia, por 25-11. Importa todavia afirmar, porque é verdade e esta equipa merece o elogio, que o XV do Restelo não foi inferior ao adversário, tendo aliás dominado o jogo durante vários períodos.

O domínio dos azuis foi bastante intenso nos primeiros 20 minutos do jogo, disputados na sua quase totalidade no meio campo da equipa da casa. Os avançados do Belenenses trabalharam muito e bem neste período do jogo, dominando na touche e na mêlée, tendo aliás empurrado o pack agrónomo e conquistado bolas de introdução dos homens da Tapada.

O muito trabalho dos avançados azuis quase deu ensaio, mas foi o asa sul-africano Jacques Roux a aproveitar um erro azul na touche para correr 50 metros, sacudindo a pressão e criando algum perigo para a equipa da casa. O centro Carlos Gaspar foi todavia muito rápido no trabalho defensivo, e não obstante a diferença de peso dos dois atletas placou o 3ª linha agrónomo, e permitiu ao Belenenses reorganizar-se na defesa, lançando novamente o ataque.

Aos 14 minutos os azuis dispuseram da primeira oportunidade para pontuar, mas Francisco Moreira (hoje a jogar na ponta) não deu a direcção certa à oval.

Os azuis jogavam nos 22 metros adversários, e aos 16 minutos o mesmo jogador isola-se no lado fechado. Todavia, quando o ensaio parecia inevitável o árbitro António Moita interrompe a partida, concedendo a falta ao Belenenses e beneficiando assim a equipa faltosa… Seria a primeira de muitas decisões infelizes verificadas ao longo dos 80 minutos de jogo.

O jogo tinha nesta fase sentido único, e por duas vezes a bem organizada defesa verde e branca evitou ensaios em cima da linha.

Aos 25 minutos, o Belenenses chegaria a uma vantagem justa (mas curta), com Francisco Moreira a chutar de forma certeira para 0-3.

Aos 30 minutos acontece a segunda situação polémica da noite, com o fiscal-de-linha a assinalar um ensaio para a equipa de Agronomia que ninguém viu, a equipa da casa não comemorou e o árbitro da partida não validou… senão após mais de 30 segundos.

Até ao intervalo, e já com o jogo mais equilibrado, Francisco Moreira voltou a marcar, estabelecendo o 5-6 que premiava de forma modesta o melhor jogo dos azuis, que beneficiando do vento a favor tiveram muita posse de bola e várias situações de ensaio eminente.

O segundo tempo iniciou com a equipa de Agronomia a aproveitar a circunstância de jogar de costas para o vento. Os homens da Tapada equilibraram o jogo, e estiveram mais tempo no meio campo do Belenenses. Todavia, a equipa azul não se desorganizou e mesmo quando Vasco Gaspar chutou para 8-6, os avançados belenenses mantiveram a postura lutadora, e chegaram ao ensaio – por Juan Murré – após um excelente trabalho do cinco da frente (8-11).

A equipa de Agronomia não baixou os braços, e nos últimos 20 minutos de jogo pressionou bastante a equipa do Belenenses. A pressão e sobretudo a grande eficácia nos momentos de posse de bola resultaram os dois ensaios (11-15 e 11-20), numa fase em que os azuis começavam a pagar a factura do enorme esforço físico realizado até ao momento.

O XV do Restelo voltava a carregar – o espírito guerreiro da nossa equipa de Rugby esteve esta noite de volta, o que só pode ser motivo de orgulho para todos! – mas encontrava pela frente não apenas uma boa equipa… como também um fiscal-de-linha apostado em destruir as possibilidades de discutir o resultado por parte da equipa belenense.

Assim, o mesmo fiscal que havia assinalado um verdadeiro ensaio fantasma na primeira parte deu indicação ao juiz António Moita para expulsar temporariamente o 2ª linha Fezas Vital na sequência de uma jogada em que a falta havia sido assinalada a favor do Belenenses e durante a qual havia sido aplicada uma «gravata» ao jogador azul que conduzia um maul em progressão. Ninguém percebeu o motivo do cartão ao jogador do pack belenense, e pior: ninguém percebeu o motivo que levou o fiscal-de-linha a não reportar a António Moita o jogo perigoso do pack agrónomo.

Com o Belenenses a jogar em inferioridade numérica, Vasco Gaspar chutou aos postes para estabelecer o 11-25 final, com a bola a bater no poste e a entrar (pela segunda vez no mesmo jogo).

No fim dos 80 minutos, e não discutindo o mérito da equipa vencedora, que fez por ganhar, não podemos deixar de formular duas notas importantes, que saem realçados da partida desta noite:

a) o Belenenses jogou com uma vontade, um espírito e uma entrega que ainda não haviamos visto esta temporada (não obstante a grande juventude da equipa)… É caso para perguntar: onde andou esta atitude durante os primeiros meses do campeonato?

b) uma segunda observação para a equipa de arbitragem, e em especial para António Moita, que viu o seu desempenho fortemente condicionado pelo «auxílio» de dois fiscais-de-linha directa e activamente vinculados a um outro emblema que com o Belenenses disputa o apuramento para a Final Four… A situação hoje verificada na Tapada da Ajuda coloca a nú, uma vez mais, os problemas que subsistem na arbitragem, e que passam por uma tremenda falta de bom senso na hora de escolher árbitros e fiscais-de-linha (estes, segundo parece, convidados pelo árbitro nomeado).

FICHA DE JOGO

Agronomia, 25 – Belenenses, 11
Tapada da Ajuda, 05/04/2007 (20:30h)
Árbitro: António Moita

Belenenses: Juan Murré (5), Guillermo Malin e Fernando Murteira; Fezas Vital e Sebastião da Cunha; Salvador da Cunha, Francisco Nogueira e Valter Jorge; Bruno Nifo (capitão) e Ramiro Alvarez; Diogo Castro e Carlos Gaspar; Francisco Moreira (3+3), Duarte Moreira e Diogo Miranda. No banco: Carlos Janardo, Marco Miroto, Diogo Jorge, Gonçalo Lucena, Gonçalo Gonçalves, Diogo Pinheiro e Tiago Cabral.

Resta-me desejar uma boa Páscoa para toda a comunidade oval.

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5 Comments:

At 2:48 da manhã, Blogger Francisca said...

*O primeiro ensaio do jogo foi marcado pelo Saca, numa jogada de 3/4s, sem qualquer duvida. Se bem que, a mesma jogada, tenha começado de uma melle nos 5 metros, para a Agronomia. Num claro beneficio do infractor, pois a Agronomia tinha marcado ensaio através do nº8 Conrad, tendo este sido anulado.
*Quanto ao cartão amarelo, pelo que vi, pareceu-me claramente que foi uma joelhada que o nº4 do Belenenses deu a um jogador da Agronomia, quando o jogo já estava parado, embora os jogadores ainda tivessem ligados num maul.
Isto claro foi o que eu vi, agora cada um vê o jogo da forma que quiser.

 
At 10:12 da manhã, Blogger Rui Silva said...

Xica, penso que tem toda a razão. O ensaio a que me refiro foi na 2ª parte, e aconteceu do outro lado do campo relativamente ao ponto em que me encontrava.

Sobre esse ensaio não foi uma, nem duas, nem três, mas VÁRIAS pessoas ligadas à Agronomia que me disseram que ele não existiu. É claro que a Agronomia não tem responsabilidade nenhuma relativa a essa situação, mas acabou por beneficiar dela...

Sobre o ensaio do Conrad, digo-lhe apenas que também me pareceu ensaio (aliás, eu estava naquele lado do campo). Todavia, garantiu-me que viu de perto que ele não chegou à linha, e que acabou por fazer 2 movimentos (um primeiro e outro após placagem). Não se percebe pois porque razão

É claro que todos vemos os jogos com os nossos olhos, mas o que me parece é que os fiscais de linha deste jogo foram demasiadamente tendenciosos. Não em favor directo da Agronomia - que aliás não precisava deste jogo para nada - mas em favor de um terceiro clube (o deles). E é aqui que me parece que houve TOTAL FALTA DE BOM SENSO na nomeação do António Moita, e no convite a estes dois fiscais de linha.

Deste jogo, para mim, fica a nota mais positiva de todas: o Belenenses reencontrou o seu espírito. E não há derrota nem fiscal de linha que apague essa evidência.

Cump's
Rui Vasco

 
At 12:24 da tarde, Blogger Rui Silva said...

Gostaria de realçar apenas que o Belenenses (tal como a Agronomia, aliás) jogou com muita rapaziada nova.

Voltámos a alinhar com o Duarte Moreira a ponta e com o «Mirandinha» a Arrier. Reapareceu o Francisco Nogueira (que sejas bem vindo!) e o Sebastião voltou à 2ª linha.

O melhor da noite para mim foi todavia o Carlos Gaspar, que se afirma como um valor do Rugby do Belém e como um rapaz que pode vir a dar que falar. Ele é formação, mas este ano nos juniores foi para centro (Toulson e P.Graça são opções mais que válidas para o n.º9), e nos séniores já jogou nas duas posições. Aliás, ontem começou a centro (13) e acabou a formação, após a entrada do Diogo Pinheiro «Hernâni» para o lugar do capitão Bruno Nifo.

Quanto aos lesionados e indisponíveis (João Uva, David Mateus, Pedro Silva, Mirra, Spachuk, Duarte Bravo, Esparguete, etc...)... este ano temos de ir à Bruxa! É que tudo acontece a esta equipa.

 
At 2:08 da tarde, Blogger Bernardo said...

Não sei que ensaio foi esse que afinal não foi... não dei por ele! Mas realmente o Conrad marcou um que ficou por assinalar.

Quanto à expulsão do Fezas Vital ela só foi errado porque foi tardia! O Belenenses teve todo o jogo em constantes agressões nas barbas dos fiscais de linha e do árbitro. Atrás do Fezas deviam ter ido o Juan, o talonador argentino e outros...

Agora concordo quando diz que o Belem entrou e jogou com muita garra, mas quando fala da juventude da equipa não deixe de reparar que do lado de Agronomia e juventude também era muita e também jogaram mts jogadores fora das posições. lembre-se que de fora ficaram Gustavo, Chines, Godzilla, Juan, Cardoso Pinto, Michell, Mira, Coelho, Adérito e Lorena. O Kadosh jogou a ponta! E fez um grande jogo!!

 
At 5:36 da tarde, Blogger Francisco Nogueira said...

Na minha opinião, apesar de termos jogado com uma atitude já não via há muito tempo e de termos estado bem superiores à Agronomia em vários momentos do jogo, a Agronomia mereceu a vitória. De qualquer forma penso que se fossemos nós a ganhar o resultado também seria justo.
De facto a Agronomia tem uma rotina de jogo que nós não temos. As coisas estão mais bem definidas a nível táctico, o jogo é mais organizado, e percebe-se que seja a equipa que ainda não tenha perdido no campeonato.
Apesar de toda a vontade que tínhamos, não estava presente esta rotina de jogo, que se via em épocas anteriores. É normal quando há tantas diferenças nas equipas que jogam em cada fim-de-semana, jogadores que estão a começar nos séniores, e faltas de malta mais velha que traz mais experiência.
Mas sem dúvida, com outra sorte, poderiamos ter saído do jogo com a vitória. Tivemos muitas vezes nos 22 da agronomia sem pontuar. Se na 1ª parte tivessemos marcado um ensaio nos 20 min em que não saímos do campo deles, o resultado teria sido, com certeza, bastante diferente.
De qualquer forma acho que estamos todos de parabéns, por um jogo bem acima da média que temos tido, e pelo excelente espírito e sacrifício.
Agora é pôr as cabeças nos jogos do CDUP, Benfica e Direito, e com este mesmo espírito lutar pelo 4º ou 3º lugar.

Aproveito para dizer que depois do jogo de ontem fui fazer um RaioX à mão, e infelizmente parti um metacarpo. Espero que não tenha piorado por ter jogado ainda 60min com a mão assim. Agora pelo menos 4 semanas paradinho... Estou com a impressão que foi um regresso/despedida do campeonato...
Posso dizer que ao menos me diverti à brava a jogar.

Abraço

 

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