Sobre o «Mapa do Rugby»
A contradição entre os dados publicados no site da IRB e os números apresentados pela FPR existe, mas não é significativa. Olhando para uns e outros a conclusão será sempre a mesma: o Rugby português - que não se esgota nem esgotará nunca na sua selecção principal - não vive dias radiosos.
De acordo com os dados publicados pela International Rugby Board, Portugal terá 4286 praticantes de Rugby, 57 clubes e 35 árbitros (29 no Plano Estratégico da Federação).
Ora, eu puxo pela cabeça e não consigo encontrar 57 clubes activos - que formem jogadores e participem em competições regularmente - em Portugal. O site da FPR fala em 45 clubes, mas este número engloba um conjunto de Associações Académicas que, não obstante a importância que têm no desenvolvimento e divulgação da modalidade, não poderão nunca ser comparadas com os clubes (mesmo os de origem «universitária», CDUL e CDUP) que todos os anos formam dezenas de jovens jogadores, competem ao mais alto nível nacional e formam as diversas selecções nacionais.
A desistência de vários clubes da 1ª divisão relativamente à Taça de Portugal demonstra bem as fragilidades de muitos emblemas nacionais e o carácter flutuante do número de praticantes. É que, como alguém me dizia há pouco tempo, no início da temporada aparecem sempre uns artistas nos clubes, que passados umas semanas voltam a desaparecer sem deixar rasto.
O mapa que apresentamos em seguida tem uns anos (poucos), mas é esclarecedor acerca da forma como a modalidade se encontra (mal) distribuída pelo país:
Créditos: Jornal de Notícias.
É obvio que o Rugby reflecte um pouco o estado geral do desporto português, centrado no litoral e nas grandes cidades... Mas esse não deve ser um argumento para justificar a falta de um trabalho de «sapa», com objectivos a médio prazo, que inverta o real (e não estatístico) congelamento da modalidade e até a sua desaparição em alguns pontos do país onde vinha ganhando tradição!
Depois... existem os locais onde o Rugby nunca existiu!
No momento em que vos escrevo estou em São João da Madeira, uma das muitas cidades que se auto-intitula «cidade do desporto». Efectivamente pratica-se desporto por estas bandas e creio até que será das regiões do país onde existem mais campos relvados «por metro quadrado». Todas as freguesias têm a sua equipa de futebol, e todas as equipas parecem ter o seu campo.
Sempre que aqui venho - por razões familiares - interrogo-me acerca do porquê de nunca se ter aqui gerado um movimento de desenvolvimento do Rugby... As respostas encontro-as no centralismo da FPR, no fechamento da modalidade e no mau trabalho da Associação de Rugby do Norte!
Não vale a pena apontar o dedo ao futebol - também já o fiz e faço, confesso! - e depois nada fazer que exigir dos municípios a colaboração que, em prol das próprias populações, lhes compete desenvolver com as entidades que tutelam Rugby. Milhares e milhares de miúdos ficam de fora das escolinhas de futebol e toda a sua energia e vontade de praticar desporto poderia e deveria ser canalizada para outras modalidades que não apenas as mais tradicionais por estas bandas (Basquetebol, Andebol, Hoquei-em-Patins e Atletismo). O Rugby é uma alternativa e assim se deve afirmar... até porque os espaços exitem!
Para São João da Madeira trouxe cartazes do jogo com a Rússia, que serão espalhados pela cidade. Não com a esperança que alguém se desloque a Lisboa para assistir a um jogo de uma modalidade que praticamente desconhecem... Mas na expectativa de que alguém olhe e pare para ler!...
«Olha, afinal em Portugal também se joga Rugby!»
Nota: São João da Madeira é também uma cidade do litoral, pelo que serve apenas como exemplo de um local onde o Rugby é inexistente (aliás, ele é inexistente em toda a extensão do eixo Aveiro-Porto, o qual é densamente povoado).
18 Comments:
Post muito elucidativo da realidade do rugby em Portugal.
Parabéns.
Descubri um site que vos convido a dar uma vista de olhos.
http://www.portugueserugbyleague.com/
o site ta bom dviam por mais ftgrafias dos jgs de jnuiores e seniores...um abrc
o site ta bom dviam por mais ftgrafias dos jgs de jnuiores e seniores...um abrc
e o capitão da selecção de luso-descendentes Isaac De Gois joga na rugby leage pelos west tigers deve ser um belo jogador.
site:http://www.weststigers.com.au/
Entretanto, na Heineken Cup, os Cardiff Blues foram a França bater o Bourgoin (5-13), surpreendendo (digo eu)!
A ver vamos como corre o jogo de amanhã, para a equipa de Munster.
Uma má notícia: o Diogo Mateus, que foi convocado para o grupo de 25 jogadores seleccionados para o embate com o Leinster, fica de fora dos 22...
É pouco provável que o Diogo jogue pela sua equipa regional, o Munster, na Heineken Cup antes de se estrear pela mesma equipa na Magners (ex-Celtic) League.
Entretanto, estreou-se pela sua equipa de clube, o Cork Constitution, e parece que deixou boa impressão.
Rugby League é aquilo que nós em Portugal chamávamos Rugby de 13.
Nunca foi jogado no nosso país, nem na maioria dos países onde se joga râguebi (de 15). Só é levado a sério na Austrália e no Norte de Inglaterra. A maior parte das "selecções nacionais" de rugby de 13 são formadas por descendentes de emigrantes a viver na Austrália.
É um desporto muito diferente do râguebi (de XV). Nos países anglo-saxónicos, quando se quer distinguir os dois desportos (ou os dois códigos - codes - como eles dizem), ao râguebi (de XV) chama-se Rugby Union e ao rugby de 13 chama-se Rugby League.
Não é apenas a diferença entre o número de jogadores; as regras são completamente diferentes (por exemplo, quando um jogador é placado, o jogo pára) e a cultura desportiva que lhes está associada também.
Caro Rui Vasco,
Sobre o número de clubes de râguebi existentes em Portugal:
1. Calculo que o IRB utilize números que lhes tenham sido fornecidos pela FPR e que entretanto se desactualizaram.
2. A diferença entre o número de clubes activos em provas federadas (trinta e poucos, incluindo os 3 ou 4 clubes que apenas participam nos escalões de formação) e o número de clubes filiados não se explica pelas equipas que apenas disputam râguebi universitário (não federado). Se assim fosse o número de clubes na lista da FPR até subiria, uma vez que há muitos clubes universitários em actividade nos campeonatos universitários que não estão federados (Veterinária, Economia, Fac. Motricidade Humana, Un. Beira Interior e muitos outros).
3. Na lista da FPR existem clubes q há muito deixaram de praticar qualqer forma de râguebi (o Scalipus de Setúbal, por exemplo) e que, por razões, que desconheço, se mantêm na lista.
4. Mas há clubes federados que há muitos anos que não participam em provas oficiais e que participam em provas "particulares", principalmente de râguebi de 7 ou, esporadicamente, em convívios de veteranos (o Juromenha, por exemplo).
5. Por outro lado, por desactualização da lista, existem clubes federados, desses que não participam em provas oficiais, q não estão na lista: Politécnico de Bragança, Esperança de Lagos, CRU Portalegre, etc.
6. Para ajudar à confusão, existem clubes não universitários e não federados onde se pratica râguebi (Estremoz, Borba, Vila Viçosa e outros).
Uma grande baralhada, mas clubes federados a participar em provas oficiais são entre 30 a 32.
Com um bom plano de promoção e apoio (para a região Sul, atenção ARS!), este número facilmente subiria para os 50.
Numa 1ª fase, nem era preciso criar clubes novos, nem era necessário que todos os clubes universitários se federassem (alguns deles não têm essa vocação). Bastava que os clubes, federados ou não, que participam em provas não oficiais começassem a participar nessas provas.
Aliás, acho que está na altura de se saber publicamente em que é que o dinheiro que a FPR recebeu do IRB está a ser(ou vai ser) aplicado. Os clubes sabem? Talvez, mas por que não divulgar isso publicamente, à semelhança do que se fez noutros países (Roménia, Geórgia, etc.)
Pois, eu concordo. Os dinheiros da IRB destinam-se, segundo creio, a investir de forma racional, em formação e infra-estruturas. Será que é isso que está a ser feito? Se sim, porque não se divulga? Se não, porque não se explica?
Entretanto, na Taça de Portugal o Direito foi humilhado em Coimbra pela despromovida Académica, que mostrou que a vitória em Monsato não se deveu apenas a um muito prolongado tempo de descontos...
Os estudantes venceram por 40-7 (um «cabaz» considerável) e o Direito joga agora contra o Cascais uma partida decisiva. Levam vantagem pois foram à Guia vencer por 40-13, mas podem vir a ser derrotados em casa e comprometer um dos seus objectivos da época, a Taça de Portugal.
Ainda bem que a Taça de Portugal, este ano tão mal tratada por clubes e FPR, ganhou alguma «pimenta».
O Direito pode-se queixar das ausências dos internacionais... Ou pode olhar para os seus erros próprios, como aconteceu com o Belenenses na 1ª jornada, contra o CDUL.
Quanto ao Diogo, é verdade! O Cork Constution foi ao campo do Blackrock (não jogava lá um português?) vencer por 24-25.
Segue em 4º da Division 1 irlandesa, com 2 jogos e 2 vitórias (8 pontos). (ver em http://news.bbc.co.uk/sport2/hi/rugby_union/tables/4777189.stm).
Pena que o site do clube seja tão pobre em termos de informação...
Quem jogava (joga?) no Blackrock era (é?) o António Pinto.
Caro Rui Vasco, permita-me que faça uma observação quanto ao seu comentário acerca do jogo Académica-Direito. O direito levou apenas(!!!) 15 jogadores ( muitas lesões, compromissos profissionais, e selecções)impossibilitaram que fossem mais jogadores, na 1ªparte o nº 8 do Direito magoou-se aos 25´minutos e teve que sair, pelo que o direito sem suplentes jogou os restantes 55 minutos com menos um jogador. Na 2ªparte outro jogador do Direito jogou magoado e para não ter que sair,ficou em campo para "fazer número". Ao intervalo a Académica vencia 5-0, um resultado perfeitamente ao alcance de uma reviravolta, mas jogar com 13 jogadores é muito díficil ainda por cima sem suplentes e alguns jogadores desgastados do jogo amigável que se fez contra a selecção. No entanto a vitória da Académica foi justa.
Aproveito para lhe fazer uma correcção, o Direito na guia ganhou ao Cascais por 39-23 e em Monsanto o jogo já se realizou também e o Direito ganhou por 42-13.
Cumprimentos,
Peter Monteiro
Só demonstra com esta o estado do rugby no nosso país, muito débil.
Muito obrigado pelas correcções, Pedro Monteiro. Não sabia que o jogo da 2ª mão já se havia realizado, mas o resultado do primeiro (penseo eu) retirei-o do próprio site oficial do GDD, e por isso confiei que estivesse certo.
«Séniores vencem Cascais
Os Séniores do GDD jogaram e venceram o Cascais em mais uma jornada da Taça de Portugal. O resultado final foi de 40-13.»
Rui Vasco, enganei-me no resultado de 42-13, tem razão foi 40-13, no entanto o meu comentário so para lhe mostrar as enormes dificuldades com que o Direito se viu no jogo com a Académica e que não adiou nem faltou.
BOA SORTE PORTUGAL
Cumprimentos,
PM
Eu vi o jogo da academica com o direito e nao vi o direito a jogar com 13.. e tinha 2 jogadores no banco.. de kk maneira o direito é o campeao nacional e tem que levar isso a serio. Nao arranjem desculpas.
A academica dominou completamente o jogo, o unico jogador que jogava no Gdd era o salvador palha.
Caro Wilkinson gostava que me dissesse quais os jogadores que o Direito tinha no banco e se assim era porque razão é que quando o jogador Miguel Leal teve que sair ainda na 1ªparte não entrou ninguém para o seu lugar, ficando assim o direito a jogar com 14 jogadores.
Existem 4 clubes a querer andar para a frente no alentejo. Apoios? nenhum... pelo contrario, so mentalidades futebolisticas que dificultam todo o processo de criaçao e implementaçao de um novo desporto na zona! So com muito esforço, muita dedicaçao, muita coragem e com muito poucos patrocinios se consegue alguma coisa! Caso do clube de Portalegre que ja esta filiado mas continua com problemas. O que tem feito as associaçoes de rugby nacional para os ajudar? nada... so 5 bolas e um escudo da federaçao para o clube de portalegre... Na minha opiniao, assim é complicado chegar a algum lado.
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