:: Belenenses XV ::: Um testemunho para reflexão

quarta-feira, outubro 18, 2006

Um testemunho para reflexão

Num contexto em que o Rugby ganha cada vez mais um aspecto comercial, assemelhando-se cada vez mais ao desporto-mercadoria (ou seja, comercial), é bom que as gerações mais novas tomem contacto com testemunhos de jogadores de outros tempos e com outras perspectivas da modalidade.

O excerto que passarei a publicar foi retirado da autobiografia de Cliff Morgan, um dos melhores médios de abertura da história do Rugby galês e mundial, e refere-se à pequena cerminónia na qual Morgan participou a após a morte do talonador inglês Eric Evans.


Legenda: Cliff Morgan, ao serviço dos Lions (1955).

Creio ser um testemunho comovente, a convidar à reflexão. Para mim é este o verdadeiro «sumo» do desporto...

«Eu admirava-o mais do que posso exprimir por palavras, bem como ao maravilhoso trabalho que realizou com crianças portadoras de deficiência, no norte, permitindo-lhes navegar nos canais.

Quando ele morreu, as suas cinzas foram espalhadas por Twickenham. Estavamos apenas meia-dúzia pessoas no local, incluindo a sua esposa (numa cadeira de rodas) e a sua filha.

Primeiro dirigimo-nos para a linha de meio campo, mas acabei por dizer ao secretário do Lancashire: "Não creio que este seja o lugar apropriado, pois o Eric nunca se encontrava na linha de meio campo, jogando sempre na linha de 22, esperando pelo pontapé de saída". Ele concordou, e por isso dirigimo-nos para lá, todavia quando começámos a espalhar as cinzas pelo chão, o vento trouxe-as de volta. Num ápice ficámos cobertos de cinzas. Ficámos num silêncio estranho e eu acabei por dizer: "O Eric nunca gostou de jogar contra o vento, pois não?". Graças a Deus, todos se riram, pois isto era tipicamente do Eric. Estas são as memórias que me fazem sentir abençoado por ter jogado Rugby».

O meu maior desejo é que, também os nossos rapazes, guardem no baú das suas memórias pessoais momentos marcantes, que os façam sentir - daqui por muitos e bons anos - uma enorme alegria por, um dia, terem decidido experimentar o mundo oval!

7 Comments:

At 3:53 da tarde, Anonymous Anónimo said...

em primeiro lugar parabens pelo excelente post.

Depois é preciso ver que o Rugby é uma modalidade que nos ajuda a tornar homens e que por mais que se pense o contrario marcanos quase sempre pela positiva, e da-nos espirito de sacrificio e confança pela pessoa que estã ao nosso lado.

No fundo "o Rugby é uma escola de vida".

 
At 4:54 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Ha felizmente muitos exemplos destes no Rugby. Mais recentemente (neste Verao) houve um caso de um jogador do Ulster (Matt McCullough) que teve um acidente de carro gravissimo, enquanto viajava com mais 2 companheiros de equipe que nada sofreram. O acidente foi numa zona remota e ele so sobreviveu devido aos esforcos dos seus colegas, que usaram todas as suas energias para o manter vivo e buscar ajuda. Historia real dramatica ao genero de filmes de cinema. Foi uma situacao de perseveranca, companheirismo, lealdade, e forca de vontade dos seus colegas que salvou a vida a Matt McCullough. Palavras que deviam andar sempre associadas ao Rugby. Na altura os medicos nao sabiam se algum dia viria sequer a ter uma vida normal,10 semanas depois do acidente tinha autorizacao para voltar aos treinos. A vivencia do Rugby, o companheirismo e valentia salvaram-lhe a vida.
MM

 
At 5:14 da tarde, Blogger Rui Silva said...

Manuel Mourão, desconhecia essa história... vou procurar ler sobre o assunto.

Sobre o Portugal-Rússia, já sei o preço dos bilhetes (vejam por baixo da imagem «publicitária», na barra da direita):

- 10€ (presumo que a central coberta);
- 5€ (restantes bancadas);
- Menores de 16 anos não pagam.

 
At 11:03 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Sabe se os atletas também pagam ou se pagam menos?

 
At 11:26 da tarde, Blogger Rui Silva said...

Não tenho essa informação, mas creio que é igual para todos (atletas e não atletas). Ainda assim, é uma questão de contactar a FPR.

 
At 11:33 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Obrigado pela resposta e rapidez!
Cumps

 
At 11:07 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Para mim jogador do CDUP,ainda é maior esse sentimeno de companheirismo e lealdade nao so para os colegas de equipa como tambem para os treinadores. Esse sentimento é partilhado penso eu por todos os portuenses do CDUP pelo simples facto de quase todos os fins de semana perdermos quase oito horas de viagens desde o porto a lisboa, porque como se sabe nao ha,penso eu, competitividade para o CDUP no norte do país. Um grande obrigado ao Francisco Branco treinador dos iniciados.Saudaçoes dum portugues que espera dia 28 estar no EU de lisboa a festejar a vitoria de Portugal.Abraço e parabens pelo blog

 

Enviar um comentário

<< Home