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quarta-feira, setembro 20, 2006

O Rugby, o Futebol e os Media

A procura diária de notícias acerca do Rugby nos órgãos de comunicação social é um exercício tão frustante quanto inútil. O desporto e o «jogo jogador» não são notícia, perante os múltiplos escândalos que afectam todo um conjunto de personagens alimentadas pelo esforço alheio e sedentas pelos seus 15 minutos de fama.

Vem esta introdução a propósito do muito que se tem escrito, do muito tempo que se tem gasto na rádio e na televisão a propósito de um golo marcado de forma irregular na prova máxima do futebol nacional. Sobre o assunto em si - o tal golo e a sua irregularidade - não falarei. Creio que é para todos inequívoco que o jogador em causa meteu a mão à bola, o que de acordo com as leis do futebol constitui uma violação, e de acordo com as regras morais aplicáveis às competições desportivas constitui uma forma pouco saudável de obter vantagem.

O que me leva a escrever sobre o assunto é o tratamento altamente mediatizado que um assunto tão sem importância merece por parte dos serviços noticiosos. O caso abriu telejornais, fez primeira página dos diários desportivos, motivou debates televisivos acesos e consumiu horas de discussão nos cafés e praças do nosso país.

Dar relevância ao anti-jogo no futebol e simultâneamente ignorar tudo o que de bom se faz quotidianamente nas restantes modalidades é, no mínimo, uma grave violação de um suposto código deontológico que deveria vincular todos os jornalistas e os meios de comunicação para os quais produzem «notícias».

O «golo com a mão» continuará a dar que falar. A televisão pública, que em tempos deu o seu contributo activo para a divulgação das modalidades menos mediatizadas (como o Rugby, assunto que abordaremos num futuro próximo e com um contributo altamente qualificado para o efeito!), cede à tentação de transformar o desporto (ou as incidências que o rodeiam) num circo cujos «números e os artista» se sucedem uns aos outros. Hoje o artista é um brasileiro chamado Rony, tal como ontem foi o angolano Mateus e amanhã será um outro qualquer ser descartável (do ponto de vista comercial), que conquiste 15 minutos de fama à conta de uma qualquer habilidade.

O Rugby não goza desse privilégio. Não abre telejornais (nem quando os «Lobos» se sagram campeões europeus de Sevens) nem tem, quotidianamente, páginas inteiras de jornais. Este facto tem o seu «quê» de positivo: significativa que a «nossa» modalidade não dá que falar pelas piores razões, ou seja, que não entra no tal circo. Infelizmente, também o lado negativo se faz sentir, através de uma enorme dificuldade de afirmação do Rugby no contexto nacional.

O «fair-play» em campo (ou a falta dele) encontra um reflexo na qualidade (ou falta dela) da informação desportiva em Portugal. Não me espanta por isso que o verdadeiro desporto seja colocado de lado, perante casos tão importantes e determinantes para o futuro lusitano como a «mão do Rony», o «telefonema do Major» ou o «tabu do presidente do Benfica sobre a sua recandidatura». Se hoje não temos televisão (temos sobretudo «telelixo»), também não temos jornalismo à séria. E que falta nos fazem as velhas glórias da caneta, verdadeiros mestres na arte de descrever (e opinar) acerca do fenómeno desportivo.

Retomaremos o tema brevemente.

2 Comments:

At 10:11 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Ja agora uma noticia fresca e triste , existe uma grande probabilidade do C.R.E de Evora ter que desistir ou acabar .Pelo motivo mais caricato e tipica que o universo do Rugby Portugues sofre : falta de campo.

 
At 11:45 da tarde, Anonymous Anónimo said...

É realmente impressionante a forma como C.R.E. é tratado pela C.M.E., a qual dá apoio incondicional a 2 Clubes de futebolque militam ambos na 3ª Divisão série F. Grandes alegrias que estes clubes devem trazer às gentes de Évora...
Será que agora que o campo de futebol tem óptimas condições (não esquecer que teve obras de melhoramento para acolher o estágio de preparação da Seleção Nacional...de Futebol na sua preparação para o mundial), a Câmara Municipal não poderia tratar de arranjar uma forma de o C.R.E. também ali jogar (e nem digo treinar...). Este nosso país realmente só se move pelo Futebol!! Todas as outras modalidades....como tanto se diz em Évora: AMANHEM-SE!!!

 

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