Perspectivas para 2006/07 - os «médios»
Os médios são jogadores muito especiais nas equipas de Rugby. Eles são o elo de ligação entre o poderoso pack e os habilidosos defesas, e no fundo acabam por funcionar como distribuidores de jogo. Eles usam a camisola n.º9 (médio-formação) e n.º10 (médio-abertura), e o seu trabalho é, regral geral, muito coordenado, por forma a realizar com eficácia as tarefas quer defensivas, quer ofensivas.
São jogadores que estão sempre no centro do jogo, ora quando a equipa ataca (são importantíssimos na distribuição do jogo, na libertação da bola nos rucks, na abertura de espaços para a linha de «três-quartos»), ora quando a equipa defende.
Apesar de funcionarem coordenadamente, os médios têm características diferentes, e o seu trabalho é mais complementar do que semelhante.
O médio formação é normalmente um jogador de baixa estatura – ou não tão possante como os seus colegas do pack – e muito «desenrascado». Ele tem de tornar possível o impossível, coordenando o trabalho dos avançados nos rucks e decidindo o rumo a dar à bola, quando a sua equipa está na sua posse. Da cabeça dos «formação» sai grande parte do jogo ofensivo das equipas, e muitas vezes é na sua capacidade de tomar decisões rápidas e adequadas que se ganham os jogos.
Legenda: Pedro Netto, durante a final da Taça de Portugal 2004/2005, entre o Belenenses e o Direito (Estádio Nacional)
O Belenenses conta actualmente com quatro médios-formação: o veterano Pedro Netto (que este ano, segundo se diz, será também adjunto de Francisco Borges no banco azul), Bruno Nifo (que foi a opção mais usada em 2005/2006), Carlos Gaspar (recém promovido dos juniores) e, em alguns casos, Pedro Silveira (que fez alguns jogos como «formação», incluindo na excelente vitória sobre o Direito em Monsanto, em Dezembro de 2005).
As opções são boas, mas a época é longa e veremos como os quatro jogadores referidos aguentarão a pressão das 14 jornadas do campeonato e as eliminatórias da Taça... Especial destaque para Carlos Gaspar – irmão do «arrier» Vasco Gaspar, transferido o ano passado para a Tapada – que alinhou já pelos seniores na fase final de 2005/2006, e que deu boas indicações, a todos os níveis. Destaque ainda e naturalmente para Bruno Nifo, que fez uma boa temporada, e que será com grande probabilidade uma primeira opção da equipa técnica, nos jogos mais importantes.
Pelo menos tão decisivo como o «formação» é o «abertura», verdadeiro pensador do jogo da sua equipa.
Na posição de «médio-abertura», o Belenenses conheceu este Verão um episódio caricato. O jovem internacional Pedro Silva, formado nas escolas do clube e a opção mais evidente para a camisola 10 azul, transferiu-se para o Cascais, equipa recém promovida à Divisão maior do rugby luso (pese embora o seu invejável historial). As razões são já conhecidas, mas não são para aqui chamadas. Ao Pedro deesejo muito boa sorte, excepto quando jogar com o Belém.
Sobram, para a posição de «abertura», o ainda junior Diogo Miranda (que tem dado excelentes indicações, tanto no jogo ao pé como na tomada de decisão e jogo à mão), o polivalente João Mirra (que alinha em qualquer posição da defesa), o já referido Pedro Silveira (que é formação), o «arrier» adaptado Francisco Moreira...
Uma coisa é certa: não valerá a pena «chorar» a saída de Pedro Silva, e só fazem falta os que cá estão! Temos talentos, alguns bem jovens, e temos homens para a camisola 10. Saibamos aproveitar as suas qualidades. Pessoalmente, colocaria Francisco Moreira como primeira opção como «abertura» e João Mirra como «arrier». Em alternativa, Diogo Miranda poderá ser lançado às feras seniores, até porque João Mirra deverá passar muito tempo no estrangeiro (ele será aposta para o circuito de Sevens da IRB em 2007...), com Francisco Moreira a alinhar com a camisola 15.
Em todo o caso, o problema mais grave que a saída de Pedro Silva origina na equipa azul diz respeito à função de chutador. Francisco Moreira é um chutador irregular, e o Pedro Silva assumiu não raras vezes essa tarefa. O Belenenses terá de encontrar uma solução eficaz para as penalidades (que o seu pack com toda a certezaa vai ganhar!) e para as conversões dos muitos ensaios que irão surgir. Um chutador de alta precisão precisa-se!