Terminou a primeira volta da chamada Divisão de Honra (DH) e é tempo de todos os «actores» envolvidos na prova máxima do Rugby masculino português pensarem um pouco acerca das incidências destas primeiras sete jornadas da prova.
É verdade que a DH tem sido marcada pelos sucessivos compromissos internacionais da selecção nacional de XV (e de Sevens também), a qual se encontra – e ainda bem! – a lutar pelo apuramento para o Mundial de França, no final do Verão deste mesmo ano.
Não me vou todavia alongar sobre esse delicado tema, que deverá ser analisado sobretudo pela FPR, pelas estruturas dirigentes dos clubes e pelos responsáveis técnicos da equipa nacional e dos 8 emblemas que disputam o título nacional.
Centro-me no meu clube – o «Belém» – para dizer que se confirmou aquilo que todos sabíamos desde que a equipa começou a treinar: num ano marcado pela intenção de renovar e rejuvenescer a equipa seniores, os resultados nem sempre são compatíveis com as aspirações de todos. É o preço a pagar pelo processo em curso no Belenenses, o qual é inevitável (em todas as equipas aliás). Algumas já o iniciaram antes (caso do CDUL) e outras ainda estão a preparar a necessária transição.
Cerca de 12 abandonos e muitos ingressos na equipa sénior – sobretudo por parte de jogadores oriundos da formação – obrigam a um período de adaptação, de conhecimento mútuo (dentro e fora de campo) por parte dos jogadores, técnicos e dirigentes. Não se trata de uma tarefa fácil nem realizável de um dia para o outro.
Eis a lista de abandonos e ingressos:
Abandonos:
- António Cunha «Balula» (3ª linha)
- Pedro Silveira (3/4's)
- Rodrigo Silveira (Talonador)
- Manuel Castagnet (3ª linha)
- Emiliano Castagnet (ponta)
- Nicolas Formigo (Talonador)
- André Santos (Talonador)
- David Penalva (2ª linha)
- Diogo Mateus (Centro)
- Francisco Nogueira (*) (Asa)
- Vaz Pinto (2ª Linha)
- Nuno Garvão
Ingressos:
- Diogo Miranda (Abertura)
- Fezas Vital (2ª Linha)
- Salvador da Cunha (**) (3ª Linha)
- Diogo Jorge (2/3ª Linha)
- Duarte Bravo (Ponta)
- Carlos Gaspar (Formação)
- Pedro Ribeiro Cruz (Ponta)
- Tiago Cabral (Ponta)
- José Mª Lino (Formação)
- Ramiro Alvarez (Abertura)
- Guillermo Malin (Talonador)
- Reggie Perkins (n.º8)
Dos «reforços» estrangeiros (3), Reggie Perkins (África do Sul) não se adaptou e desvinculou-se do clube, cumprindo a vontade de ambas as partes. Guillermo Malin apenas se estreou frente ao CDUP (por motivo de lesão) e Ramiro Alvarez alinhou desde o primeiro encontro, em Cascais, primeiro como formação e depois como médio-abertura, posição que é a sua.
O Belém começou bem a Divisão de Honra, com duas vitórias importantes frente ao Cascais (fora) e ao Técnico (em casa). Com um pack muito forte, o Belém controlou os jogos através dos seus avançados e poderia – quer num jogo, quer no outro – garantido 5 pontos. Em Cascais esteve a 2 metros do ensaio (em cima da hora) e no Restelo, com o Técnico, poderia ter feito mais e melhor.
O ano de 2007 trouxe todavia a primeira derrota caseira – frente à equipa de Agronomia – e duas derrotas fora de portas (CDUP e CDUL). A equipa apresentou-se desfalcada, é certo, mas o problema fundamental pareceu residir na fraca atitude competitiva e na pouca agressividade dentro de campo.
No jogo com o Direito já se verificaram algumas correcções e um comportamento muito diferente dentro de campo, sobretudo ao nível defensivo. Mais placagens, mais pressão sobre o adversário, excelente atitude nas fases estáticas e eficácia no momento de atacar. O Belenenses materializou em campo – contra o Direito e também depois com o Benfica – um princípio cada vez mais defendido no Rugby de hoje: mais importante do que ter maior posse de bola é ser mais eficaz com a bola na mão.
Igualmente importantes foram os regressos à equipa de alguns atletas ausentes e lesionados até a estas duas últimas jornadas da 1ª volta. Pedro Silva a jogar a 1º centro (lugar até então ocupado por David Mateus) e Lourenço Andrade («Esparguete») na 2ª linha trouxeram mais experiência e consistência a um conjunto marcado pela muita juventude.
Durante estas primeiras 7 jornadas há a registar várias ausências por lesão. Cristian Spachuk, Diogo Pinheiro, Guillermo Malin, Francisco Moreira, Pedro Silva e João Uva foram alguns dos habituais titulares afastados de vários jogos devido a lesão.
Tal como se havia verificado em 2005/2006, o Belenenses continua a apresentar um baixo aproveitamento dos pontapés aos postes (conversões, penalidades e drops), sendo que em alguns jogos esse facto foi determinante no desenrolar da partida (ex. derrota no Porto, frente ao CDUP). Este facto não deve todavia fazer esquecer que a equipa tem no seu seio bons chutadores (Pedro Silva, Diogo Miranda, Ramiro Alvarez e Francisco Moreira), que poderão ter uma palavra a dizer durante o resto da temporada.
Importa ainda referir que o Belenenses é a única equipa que ainda não marcou nenhum ponto bónus durante esta edição da Divisão de Honra, contrariamente ao que aconteceu no ano passado, durante o qual foram os azuis o conjunto que mais beneficiou das bonificações previstas no regulamento.
O Belenenses marcou sempre ensaios – em todos os jogos – mas nunca foi além dos 3. Vejamos:
vs. Cascais (V, 11-25): 3 ensaios
vs. Técnico (V, 20-8): 3 ensaios
vs. Agronomia (D, 5-30): 1 ensaio
vs. CDUP (D, 15-7): 1 ensaio
vs. CDUL (D, 39-19): 1 ensaio
vs. Direito (V, 13-0): 2 ensaios
vs. Benfica (V, 15-18): 3 ensaios
Nas derrotas, o Belém também nunca obteve diferenças pontuais inferiores a 8 pontos, o que não lhe permitiu somar nenhum ponto na tabela classificativa.
Relativamente aos adversários do Belém nos jogos da 1ª volta, apenas CDUL e Benfica obtiveram bonificação. Os primeiros porque marcaram mais de 4 ensaios e os segundo devido à diferença no marcador.
Notas:
(*) – Deve regressar a Portugal e ao Belenenses durante a 2ª volta do Campeonato.
(**) – Já se encontrava integrado na equipa sénior em 2005/2006, tendo apenas jogado alguns minutos contra a Académica, em Coimbra.
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