O Belenenses cedeu ontem à tarde, frente ao CDUP e na cidade do Porto, a segunda derrota desta edição 2006/2007 do Campeonato Nacional de Honra, por 15-7. O jogo não foi particularmente bem jogado, mas valeu sobretudo pela luta, na qual os blocos avançados foram permanentemente chamados a intervir.
O Belenenses apresentou-se com várias baixas, motivadas pelas mais diversas razões: Sebastião da Cunha, Mata Pereira e Fezas Vital (por motivos académicos), Paulo Santos, Diogo Pinheiro e Pedro Silva «Bananinha» (lesão) e Marco Miroto (doença). Este último jogador estava aliás entre os 22 convocados para o encontro na cidade do Porto, mas acabou por não seguir viagem devido a uma otite.
Acabaram por seguir viagem apenas 21 atletas, alguns deles bastante jovens, num grupo de tem misturado experiência com vontade de aprender e competir. Não hipotecando os seus objectivos para a temporada, o Belenenses encontra-se efectivamente a construir uma equipa para o futuro, depois de 16 abandonos verificados no final de 2005/2006. A título de exemplo refira-se que nos 21 jogadores disponíveis se encontravam os juniores Duarte Bravo, Diogo Jorge e Diogo Miranda.
No que diz respeito ao jogo, boa entrada da parte dos azuis (que pela primeira vez se adiantaram no marcador, nesta prova), que fruto da pressão sobre a equipa do CDUP acabaram por aproveitar um erro de João Abreu Lima para fazer 0-5, por intermédio do 2º centro Duarte Bravo. O jovem abertura argentino Ramiro Alvarez chutou aos postes e converteu o ensaio, para 0-7.
O Belém jogava mais no meio campo adversário, mas aos 20 minutos acabou por se ver obrigado a trocar o lesionado David Mateus por Gonçalo Lucena. Não obstante o bom jogo de Lucena (sobretudo no capítulo defensivo), este momento constituiu um momento de viragem no jogo, com os avançados do CDUP a mostrarem vontade de levar a equipa para a frente.
Os chutadores - Ramiro pelo Belenenses e Malheiro pelo CDUP - mostravam-se pouco inspirados (apesar dos chutos de Ramiro, de mais de 40 metros, terem errado o alvo por «escassos cêntimetros»), e acabaria por ser através de Marcelo d'Orey que o CDUP chegaria junto da linha de ensaio azul, fixando o 5-7 com que terminariam o primeiros 40 minutos.
No segundo tempo o CDUP entrou mais forte e decidido a virar a sorte do jogo, o que acabaria por conseguir. Os avançados nortenhos lançavam-se de forma destemida sobre a defesa de Belém, com o maul a conseguir abrir algumas brechas. Os universtários chegariam ao 10-7 precisamente na sequência de um maul.
A fechar a contagem, Gonçalo Malheiro aproveitou uma penalidade frontal aos postes concedida por João Mourinha, para fazer o 15-7.
O Belenenses pressionou nos últimos minutos e teve mesmo oportunidade para rematar aos postes, encortando a distância e assegurando o ponto bónus. A opção no relvado foi todavia chutar para a touche, tentando o ensaio e uma reaproximação no marcador, permitindo aos azuis sonhar com a vitória. A opção corajosa acabou por não se revelar a mais acertada, e os oito pontos de desvantagem não sofreram alteração.
O CDUP conquistou a primeira vitória no campeonato, e o Belenenses desceu para a 5ª posição, apesar de ainda ter um jogo em atraso com o CDUL, que em caso de vitória poderá recolocar os azuis nos primeiros quatro da tabela.
Destaques para:
- A boa prestação dos mais novos jogadores da equipa azul... Mostram que são opções válidas, e que o clube pode confiar num futuro bastante risonho;
- A vontade e espírito da equipa do CDUP: foi na atitude competitivo, mais do que nos aspectos técnicos e mesmo físicos, que a equipa do Porto ganhou a partida;
- A mêlée do Belenenses, que voltou a mostrar-se mais forte, ao contrário da «touche», que continua pouco regular e consistente;
- O fair-play das duas equipas. Apesar de pequenas «picardias» o jogo decorreu com «anormal normalidade», num campeonato marcado pelo excesso de cartões e pelo ânimos exaltados dos protagonistas;
- A boa direcção do jogo. Nenhuma equipa se poderá queixar da arbitragem para justificar o bom ou mau resultado obtido. E aqui furo a minha promessa de não falar de arbitragem por uma questão de justiça: João Mourinha mostrou-se, novamente, um árbitro de grande qualidade;
Pela negativa:
- As más condições materiais do Estádio Universitário do Porto, facto que prejudicará sobretudo as equipas do CDUP, que com elas convivem diariamente;
- A sirene (tipo musica de árvore-de-Natal da «Loja do Chinês) que suava das bancadas cada vez que Ramiro Alvarez chutava aos postes. Este comportamento antidesportivo vai graçando ainda em Portugal, não apenas nas bancadas do CDUP mas também nos restantes campos. Para quando comportamentos «à Rugby» nos jogos de Rugby?
- As grandes dificuldades com que se deparou a equipa técnica do Belenenses para montar uma equipa competitiva na visita ao CDUP. O amadorismo no Rugby condiciona fortemente os clubes e as suas equipas, que não raras vezes se encontram impedidos de contar com vários atletas por motivos académicos. Este facto deveria fazer pensar os responsáveis federativos, que ao invés se vão entretendo a atirar pedras aos clubes (desta feita ao CDUP e ao Belenenses) sempre que a selecção não tem as melhores condições de preparação para os seus embates.